Como aplicar feng shui na sala de aula

Encontro sobre temas "alternativos" reúne mais de 200 professores

A sala está cheia, 130 lugares sentados. Mas os professores continuam a entrar. Alguns arrastam cadeiras e sentam-se ao longo do corredor e no hall do Centro Cultural Casapiano, em Lisboa. Ao todo, são cerca de 200, de todo o país. O tema é Dicas para ser melhor professor e no palco fala um consultor de feng shui. O encontro organizado pela associação Pró-Ordem de Professores começou ontem e termina hoje."Estamos na era do Aquário, que é um momento de abertura mental, e os professores estão abertos a tudo", comenta Isabel Taxa, da Associação Nacional de Professores do Ensino Secundário, da organização Pró-Ordem, responsável pelo encontro cujas temáticas são "alternativas", define.
Feng shui é um termo chinês que quer dizer vento e água, é uma filosofia que se baseia nos fluxos de energia, explica Alexandre Gama, colaborador do programa Querido, Mudei a Casa, da SIC Mulher. O especialista leva cerca de uma hora a discorrer sobre pontos cardeais, elementos de energia e sugestões para decorar a casa. Nos últimos dez minutos centra-se na sala de aula. "É por isso que estamos aqui, não é só para ver das nossas casas", justifica.
Os alunos devem ter o "mínimo de conforto" e o lugar de destaque deve ser dado ao "líder da sala", o professor. Este nunca pode estar de costas para a porta e a sua secretária deve estar a um canto para ter uma visão global da sala, explica o consultor de feng shui.
Alexandre Gama recomenda aos professores que, dentro da sala de aula, mudem os alunos de lugar. É que há espaços chamados "pontos de conflito" que influenciam o sucesso escolar dos estudantes. "Se eles puderem rodar todas as semanas, podemos estar a contribuir para o seu sucesso", defende.
No final da intervenção, há direito a três perguntas. Quem levanta o braço quer saber por que não se pode ter plantas no quarto, quais são as diversas correntes do feng shui, se os consultores vão a casa e se o sindicato tem algum protocolo que dê direito a desconto.
Nem uma só questão sobre a sala de aula ou como é que de facto o feng shui pode influenciar o sucesso dos alunos. Isabel Taxa, organizadora do congresso, não se surpreende: "Os professores estão fartos de ouvir falar de currículos alternativos, de gestão de currículos...". Teresa Penha, também da organização, constata que noutros encontros sobre "coisas muito intelectuais, aparecem meia dúzia de professores".
Para a tarde, Isabel Taxa escolheu outros temas: a utilização da energia das cores e os signos dos alunos. "Há quem peça coisas mais pesadas, como o conhecer as auras", avança. O dia de hoje será dedicado a conhecer melhor a legislação disciplinar e como mediar conflitos.
Para participar no encontro, os professores tiveram de pedir dispensa nas escolas, ao abrigo de um normativo que lhes permite fazê-lo. Uma das próximas actividades vai decorrer já no início de Junho, uma quinta-feira à tarde, um passeio no Tejo. "Tem de ser assim, porque se for ao fim-de-semana os professores não vêm", conclui Teresa Penha.

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