É preciso reduzir a emissão de gases com efeito de estufa, separar mais o lixo, consumir menos carne… Como se posiciona Portugal em relação aos objectivos traçados a nível europeu? Em alguns casos, está próximo de os alcançar. Noutros nem tanto.

Há quem questione: os portugueses representam apenas 0,13% da população mundial. Vale a pena o esforço? Francisco Ferreira, presidente da Zero, não tem dúvidas de que sim. “Têm de existir países líder, que constituem exemplos, que reforçam políticas e que constroem coligações com outros países de maiores dimensões”, nota. Portugal constituiu-se como exemplo ao atingir valores recorde de produção de energias renováveis e ao anunciar a ambição da neutralidade carbónica em 2050. “Há um compromisso importante de Portugal porque também somos dos que mais sofremos as consequências”, aponta o ambientalista.

Explore os indicadores para perceber quão próximo está Portugal de atingir diferentes objectivos ambientais estabelecidos para os próximos anos.

Reciclagem de resíduos urbanos em Portugal

0%
A sua tentativa
Meta (até 2020): 50%
Onde estamos (dados de 2017)
28,4%

Em Portugal, a taxa de resíduos reciclados é inferior a 30%. A meta imposta pela União Europeia (EU) indica que deveríamos reciclar metade do lixo produzido até 2020. No relatório Reexame da aplicação da política ambiental da UE de 2019: uma Europa que protege os seus cidadãos e melhora a sua qualidade de vida, a Comissão Europeia voltou a lembrar que “Portugal é um dos países em risco de incumprimento do objectivo”. Em Novembro, o Governo pediu mais dois anos à Comissão Europeia para cumprir a meta dos 50%.

Além de Portugal, a Bulgária, Croácia, Chipre, Estónia, Finlândia, Grécia, Hungria, Letónia, Malta, Polónia, Roménia, Eslováquia e Espanha também estão em risco de não cumprir esta meta.

Até 2035, os países da UE devem estar a reciclar 65% do lixo que produzem.

Resíduos urbanos enviados para aterro

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A sua tentativa
Meta (até 2035): 10%
Onde estamos (em 2017)
43%

Esta é outra meta estabelecida a nível europeu em que Portugal também ainda fica aquém. O objectivo será reduzir, até 2035, o lixo enviado para aterro para 10% do total produzido. Em 2017, contudo, 43% dos resíduos produzidos ainda tinham esse destino. Em 2016, os países da UE já deviam estar a encaminhar para debaixo da terra apenas 35% do lixo produzido.

“O aterro é a opção menos preferível para tratamento de resíduos. Embora os números tenham decrescido de forma constante na União Europeia (UE), a taxa média de resíduos em aterro na UE ainda era de 24% em 2016. Persistem grandes diferenças na UE: em 2016, dez Estados-membros ainda depositaram mais de 50% dos resíduos urbanos, enquanto cinco notificaram taxas superiores a 70%”, diz a Comissão Europeia num comunicado de 2018.

Quantos quilogramas de lixo produz cada português?

  • 1035
  • 487
  • 256

Cada português produz quase meia tonelada de lixo por ano. Entre 2011 e 2017, o ano de 2013 foi aquele em que cada habitante gerou menos resíduos: 440 quilogramas. São os habitantes de Celorico de Basto (Braga) que fazem menos lixo (260 kg). E os de Albufeira (Faro) os que fazem mais (1387 kg).

Reciclagem de embalagens de plástico

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A sua tentativa
Meta (até 2030): 55%
Onde estamos (em 2016)
41,8%

Em Portugal, a reciclagem de embalagens de plástico (41,8% em 2016) ainda fica aquém da média europeia (42,4%). O objectivo é que até 2030 todos os países da UE reciclem mais de metade do plástico. Malta, Estónia e Finlândia são os países com as taxas de reciclagem mais baixas. A Lituânia, o Chipre e a Eslovénia são os mais bem-sucedidos.

A Administração Pública tem feito um esforço por “promover uma utilização mais sustentável dos recursos, com grande ênfase no papel e nos plásticos descartáveis”, diz a Comissão Europeia no Reexame da aplicação da política ambiental da UE de 2019: uma Europa que protege os seus cidadãos e melhora a sua qualidade de vida.

Cada português produz 36 quilogramas de resíduos de plástico por ano, segundo dados do Eurostat de 2016.

Consumo de energias renováveis

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A sua tentativa
Meta (em 2030): 32%
Onde estamos (em 2016)
28,5%

O consumo de energia final vinda de fontes renováveis em Portugal ainda fica aquém dos objectivos estabelecidos pela Comissão Europeia. Em 2030 terá de corresponder a praticamente um terço da energia consumida, mas ainda é só 28,5%.

Redução das emissões de gases com efeito de estufa

-100%
A sua tentativa
Meta (em 2030): -17%
Onde estamos (em 2017)
-14%

O objectivo até 2030 é conseguir uma redução na emissão de gases com efeito de estufa correspondente a menos 17% do valor de 2005. Pelo menos em 2017, o desafio estava quase cumprido: a redução tinha sido de 14%. O objectivo principal é agora alcançar a neutralidade carbónica até 2050.

A meta global a nível da UE é de 40%. As diferenças entre países têm a ver com a regulação dos esforços partilhados. O Luxemburgo, a Suécia, a Dinamarca e a Finlândia são os países que terão de conseguir maiores reduções.

Quanto dióxido de carbono (CO2) emite, em média, cada português?

  • 1,2 toneladas
  • 553 quilos
  • 6,9 toneladas

Cada português emite, em média, quase 6,9 toneladas de dióxido de carbono por ano, segundo o Inventário de Emissões Atmosféricas, relativo a 2016 e publicado no ano passado (são os últimos dados disponíveis). Corresponde a 18,5 quilos por dia.

Qual é a percentagem de emissões de gases com efeito de estufa que é da responsabilidade da agricultura?

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A sua tentativa
Onde estamos (em 2016)
10%

Em 2016, a actividade agrícola em Portugal foi responsável pela emissão de 10% do total de gases com efeito de estufa. O valor representa uma diminuição de 20,6% em relação aos valores de 1990. O sector da energia é responsável pela emissão de 69% dos gases com efeito de estufa.

Quantidade de carne que deveríamos comer

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A sua tentativa
Meta: 14g
Onde estamos
88g

Em Março deste ano, o P2 noticiava os resultados de um estudo científico publicado na revista Lancet que indicava que, para que fosse possível a população mundial alimentar-se no futuro e, ao mesmo tempo, salvar o planeta, garantindo a sua sustentabilidade, cada pessoa deveria comer, em média, 14 gramas de carne vermelha. Segundo o último Inquérito Alimentar Nacional e de Actividade Física, feito em Portugal, comemos 88 gramas em média, por dia. Falta-nos cortar 74 gramas.

Qual é a percentagem de solo artificial em Portugal?

  • 50,1%
  • 26,9%
  • 5,3%

A percentagem de solo artificial num determinado país — aquele que é ocupado por edifícios e pavimentos — é uma forma de medir a pressão relativa exercida sobre a natureza e a biodiversidade, bem como a pressão ambiental sobre as pessoas que vivem em zonas urbanizadas. Em Portugal, este valor é superior à média da UE: 5,3%.

Outra forma de o fazer, é através da densidade populacional. Em Portugal vivem 113 pessoas por quilómetro quadrado.

Quantas espécies ameaçadas existem em Portugal?

  • 9
  • 52
  • 176

Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, há 176 espécies ameaçadas em Portugal.

Qual a área do território nacional ocupada por zonas da rede Natura 2000?

  • 5,2%
  • 12,7%
  • 20,6%

“Em Novembro de 2017, as zonas da rede Natura 2000 representavam 20,6% do território português (média da UE: 18,1%), sendo que as zonas de protecção especial (ZPE) da Directiva Aves cobriam um total de 10% (média da UE: 12,3%) e os sítios de importância comunitária (SIC) da Directiva Habitats, um total de 17% (média da UE: 13,8%)”, notava a Comissão Europeia (CE) no Reexame da aplicação da política ambiental da UE de 2019: uma Europa que protege os seus cidadãos e melhora a sua qualidade de vida.

Tendo em conta que um dos objectivos da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade para 2030 é criar uma rede coerente de sítios Natura 2000, nesse documento a Comissão define como prioritária as metas de “concluir o processo de designação de sítios Natura 2000, nomeadamente na componente marinha, e definir objectivos de conservação unívocos e as medidas de conservação necessárias para os sítios”.