Consórcio de Luís Montez compra Pavilhão Atlântico por 21,2 milhões de euros

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Pavilhão continuará a ser "a grande sala de espectáculos do país" MIGUEL MADEIRA

Genro de Cavaco Silva ganha privatização contra CIP/Cunha Vaz e AEG pelo melhor preço e garante gestão de continuidade

Era uma das privatizações mais fáceis e foi uma das mais rápidas: o Pavilhão Atlântico vai ser vendido pela Parque Expo ao consórcio Arena, composto por Luís Montez, dono da empresa produtora de espectáculos e grandes concertos e rock e pop Música no Coração, Álvaro Ramos, da Ritmos&Blues, e a actual equipa de gestão da infra-estrutura, por 21,2 milhões de euros. A autorização foi dada ontem pelo Governo, que assim encaixa a quase totalidade do valor da avaliação do pavilhão - entre os 17,4 e os 21,5 milhões.

O preço foi fundamental na decisão, admitiu a ministra da Agricultura, Mar e Organização do Território, Assunção Cristas, no final da reunião do Conselho de Ministros, até porque os três concorrentes cumpriam todas as outras exigências do caderno de encargos. Luís Montez, genro de Cavaco Silva, deixa assim para trás o consórcio liderado pela CIP - Confederação da Indústria Portuguesa, que integra também a consultora Cunha Vaz & Associados e a Normex, que ofereceram 18,5 milhões de euros, e ainda a empresa multinacional AEG, que opera na área do entretenimento e propunha 16,5 milhões.

A construção do pavilhão, uma das obras emblemáticas da Expo"98, custou na altura o equivalente a cerca de 50 milhões de euros e estima-se que o orçamento da sua manutenção anual ascenda aos 600 mil euros. O negócio inclui a venda da sociedade Atlântico - Pavilhão Multiusos de Lisboa, SA, e da empresa de bilhética associada, a Blueticket, SA.

Além do melhor preço, o caderno de encargos exigia que as propostas promovessem a "estabilidade da gestão do imóvel", bem como preservassem "a vocação de sala de espectáculos com uma programação activa, relevante, diversificada", para que a infra-estrutura fosse "um pólo dinamizador da economia local e nacional", realizando grandes eventos, descreveu Assunção Cristas. Os concorrentes tiveram que entregar um plano de negócios a quatro anos detalhado para as duas empresas, incluir garantias de financiamento e projectos de investimento e expectativas quanto ao quadro de 25 funcionários. A proposta vencedora destacou-se também "por apresentar um sólido compromisso de realizar um plano de actividades coerente, de preservar os postos de trabalho, de assegurar uma estrutura accionista e de assumir um plano de estabilidade e garantia que acautelam a estabilidade da gestão" do pavilhão e a preservação da sua vocação.

O consórcio diz querer manter o Atlântico como "pólo cultural de Lisboa e como a grande sala de espectáculos do país", prometendo desenvolver a vertente da música portuguesa. A actual equipa de gestão está no pavilhão desde o seu início. Desde 2000 o espaço já recebeu mais de 4,6 milhões de pessoas e organizou mais de 1000 eventos. "Em 2010, o Pavilhão Atlântico conseguiu aumentar as receitas para 7,5 milhões de euros", adianta o consórcio. Além da sala principal, o pavilhão tem ainda a sala Tejo, mais pequena, do lado do rio, usada para produções de menores dimensões e feiras.

Além de Luís Montez (que entra no consórcio a título individual), da Ritmos&Blues e da actual equipa de gestão do pavilhão - liderada por Jaime Fernandes e Jorge Silva -, o consórcio vencedor integra, na vertente financeira, um fundo de capital de risco do Banco Espírito Santo, o FCR BES PME Capital Growth. O BES também esteve ao lado de Luís Montez na qualidade de assessor financeiro do empresário, enquanto o Banco BIG, de Carlos Rodrigues, foi o consultor da equipa de quadros do pavilhão que se aliou ao consórcio vencedor e da Ritmo&Blues.

"O grupo Parque Expo tem uma dívida de 200 milhões de euros. Daí a decisão de realizar activos, vendendo um conjunto de património relevante sobre o qual o Estado não tem função pública crucial a prosseguir", argumentou Assunção Cristas.

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