Laboratório de Évora tem unidade móvel para avaliar conservação do património

Desvendar o segredo de achados arqueológicos e analisar as argamassas usadas nos murais e rebocos do Alentejo são algumas das acções que o laboratório Hércules da Universidade de Évora realiza há dois anos. Está instalado no Palácio do Vimioso, mas aposta numa unidade móvel para chegar mais perto do que pretende investigar.

O Hércules (Herança Cultural, Estudos e Salvaguarda) é uma unidade de investigação multidisciplinar onde trabalham técnicos e especialistas em conservação e património. Assim como cientistas de diversas áreas, tais como químicos, geólogos, bioquímicos, geoquímicos, conservadores, historiadores e arqueólogos.

Uma responsável pelo laboratório, Cristina Dias, explica que, actualmente, trabalham no projecto Redescobrir Garvão. "Foram encontrados na década de 1980, em Garvão, concelho de Ourique, peças arqueológicas da segunda Idade do Ferro que, até hoje, ainda não foi possível catalogar. Temos cerca de 700 caixotes para investigar", afirma.

Os tapetes de Arraiolos estão também a ser estudados com o objectivo de perceber "que tipo de tingimento se fazia, recorrendo a que plantas e insectos", bem como descobrir as cores verdadeiras dos primeiros tapetes datados do século XVI, "cujas cores se foram perdendo no tempo".

O laboratório também participou na recuperação das obras de arte de pintura dos primitivos luso-flamengos patente no Museu de Évora. "Estamos agora a tratar umas portas pintadas do Conventinho, um espaço histórico da academia eborense, e estamos a fazer análises das argamassas para as obras de requalificação levadas a cabo pela Fundação Eugénio de Almeida", anuncia.

Empresas internacionais, como a Tyco, sediada em Évora, requisitam os serviços do laboratório, porque tem equipamento que lhes permite fazer análises para controlo de qualidade. Outra valência que, na opinião da responsável, "o torna único" é uma unidade móvel: "Temos uma carrinha totalmente equipada com aparelhos de ponta que nos permite deslocar onde quer que seja e fazer análises in sito". O laboratório, criado com apoio do EEAGrants, mecanismo da Noruega, Islândia e Liechtenstein que visa reduzir as disparidades económicas e sociais no espaço económico europeu, foi ontem oficialmente inaugurado.

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