Abrir pista militar de Monte Real ao tráfego civil custa 17 milhões de euros

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A abertura da base ao tráfego civil não tem merecido oposição da Força Aérea CARLOS LOPES/arquivo

Autarcas e empresários do Oeste e do Centro dizem que Monte Real não deve ser incluído no estudo Portela+1. A abertura da pista militar a aeronaves civis poderá custar metade do que foi gasto em Beja

O investimento necessário para adaptar a base aérea de Monte Real à aviação civil é de 17 milhões de euros, segundo um estudo da Vasco da Cunha - Estudos e Projectos, empresa à qual um grupo de empresários da região de Leiria pediu para estimar os custos das infra-estruturas daquele aeroporto para a componente de tráfego comercial.

"É metade do que foi gasto em Beja", disse ao PÚBLICO o responsável pelo estudo, Gustavo da Cunha. O montante é suficiente para comprar alguns terrenos circundantes ao aeroporto e para construir o acesso às pistas e o edifício terminal de passageiros, bem como os arranjos exteriores. "É óbvio que não é de esperar dinheiro público para isto, mas as câmaras da Região Centro, principalmente a de Leiria, poderiam constituir um fundo imobiliário destinado a esta infra-estrutura", disse a mesma fonte, considerando que tal pode ser feito sem que as autarquias gastem um cêntimo. Basta, explicou, que a Câmara de Leiria se assuma como promotora do projecto e encontre os investidores certos.

Gustavo da Cunha diz que a distância média entre os aeroportos regionais em Espanha é de 200 quilómetros e que entre Lisboa e Porto não há nenhuma infra-estrutura deste tipo em 300 quilómetros, apesar de haver mercado para alimentar a operação de companhias low cost e charters. "A cereja em cima do bolo é que só o turismo religioso [destinado a Fátima] pode meter cinco milhões de visitantes por ano na região", disse.

O consultor diz que Monte Real "não tem nada a ver" com o estudo Portela+1do Governo. Opinião partilhada por Manuel Queiró, do Fórum Centro, entidade que reúne autarquias e associações empresariais que defendem há muito a abertura daquele aeroporto ao tráfego civil. "O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, disse-nos que o Governo não tinha dinheiro para aeroportos, mas que não fechava a hipótese de um investimento privado [em Monte Real] onde se pudesse arrancar com as obras e a exploração comercial", disse o também ex-deputado do CDS-PP.

O Governo anunciou entretanto que incluiria Monte Real como uma das possibilidades no estudo Portela+1. Mas Manuel Queiró adianta: "Nós não pedimos para estar nessa lista nem temos ilusões quanto ao resultado". Por isso, está à espera de que a decisão do segundo aeroporto em Lisboa seja tomada "para retomar o diálogo com o Governo". O objectivo, diz, é convencer a tutela a abrir um concurso público internacional para os quais está convencido que aparecerão privados dispostos a investir na exploração comercial de Monte Real.

Em Maio do ano passado, num encontro que reuniu nesta vila 300 pessoas do Norte, do Oeste e da Região Centro, foi anunciado que havia um grupo brasileiro interessado em investir 200 milhões no "novo" aeroporto. Mas agora Manuel Queiró conta que esses empresário estiveram em Portugal, mas nem foram recebidos pelo Governo, desistindo do projecto.

Segundo o Fórum Centro, se Monte Real abrir ao tráfego civil - situação que não tem merecido a oposição da Força Aérea - o aeroporto poderá servir uma população de 1,5 milhões de pessoas.

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