A direita (com assento parlamentar) inverteu os ventos que em 2022 foram de maioria socialista. AD, CH e IL levaram a melhor em todos os 308 concelhos do país. A AD foi o partido mais votado em 160, mais 104 do que nas legislativas de 2022, embora tenha melhorado resultados em apenas 73.

A AD foi o partido mais votado em 160 concelhos, mais 104 do que nas legislativas de 2022, embora tenha melhorado a sua percentagem de voto em apenas 73. O PS venceu em 139 concelhos e o CH conseguiu ganhar em nove.

Comparando esta noite eleitoral com a soma dos votos de PSD e CDS de 2022, a AD apenas melhorou consideravelmente resultados em municípios de pouca expressão. As 16 maiores subidas foram verificadas nas ilhas. No continente, o maior aumento foi em Oeiras, onde passou de 29.76% para 32.84%. Verdadeiras brisas eleitorais, com mais descidas do que subidas face a 2022.

Apesar da vitória nacional, a AD piorou resultados em 75% dos municípios (233).

O CH é o único partido que melhorou o resultado em todos os municípios do país, à semelhança do que já tinha acontecido em 2022. Valença, Elvas, Albufeira e Vila Nova de Cerveira sentiram as rajadas roxas mais fortes, todas superiores a 17 pontos percentuais.

Existe uma correlação não muito significativa (-0.38) entre o crescimento do CH e a descida global da abstenção (a afluência às urnas aumentou em todos os concelhos do país). Este indicador pode ajudar a explicar o aumento expressivo do partido, apesar de não justificar todo o crescimento.

O que não se verifica é uma relação entre os votos do CH e municípios com números altos em indicadores como o número de beneficiários de rendimento social de inserção ou taxa de população imigrante (de acordo com os Censos 2021).

A IL melhorou resultados em 213 concelhos, com a maior subida (e o melhor resultado) a verificar-se em Braga. O partido continua a ver o seu apoio concentrado em centros urbanos do litoral, onde elegeu todos os deputados (Aveiro, Braga, Porto, Lisboa e Setúbal).

No entanto, ao contrário de 2022, o partido registou descidas em vários municípios (92). A maior quebra foi em Lisboa, onde tinha sido a terceira força política mais votada nas últimas legislativas e foi agora a quinta, ultrapassada pelo CH e L: passou de 10,59% para 7,45%.

O PS foi o partido mais afectado pelos ventos da direita. Apesar de ter sido o mais votado em 139 concelhos, piorou resultados em todos, com descidas fortes em grande parte do país: caiu mais de 10 pontos percentuais em 278 concelhos (90%). A queda menos acentuada foi em Vimioso, no distrito de Bragança, onde caiu quatro pontos percentuais.

A CDU não conseguiu inverter a tendência de descida generalizada que já tinha sentido nas últimas legislativas e perdeu mais dois deputados. Depois de ter perdido terreno em 294 municípios em 2022, voltou agora a cair em 279. O maior tombo foi em Cuba, de 27,30% para 20,02% (com uma diferença de menos 106 votos). Nos 29 concelhos em que não desceu, as subidas nunca chegaram a um ponto percentual.

Já o BE conseguiu manter o grupo parlamentar com cinco deputados conseguido em 2022. O cenário nacional é dividido: melhorou resultados em 258 concelhos e piorou em 248. A percentagem de votos do partido esteve estável em todo o território: a maior descida foi de 2,15 pontos percentuais (Ribeira Grande) e o maior aumento foi de 3,15 (Alvito).

Ainda mais estável foi o resultado do PAN, que nunca regrediu mais de 0,35 pontos percentuais e cresceu mais de um ponto percentual em apenas três municípios. Ainda assim, este sufrágio é positivo para o partido, que teve melhores percentagens de voto em 273 dos 308 concelhos do país.

O Livre foi o partido da esquerda com mais razões para celebrar, quase triplicando o resultado de 2022 e elegendo mais do que um deputado pela primeira vez. Melhorou em 307 concelhos, com os maiores aumentos a acontecerem em Lisboa, Oeiras, Almada e Porto.

À semelhança da IL e do PAN, o partido continua a ser sustentado pelos grandes centros urbanos. Isto explica a correlação positiva forte (0,789) entre a percentagem de votos do Livre e a percentagem de população com ensino superior (de acordo com os Censos 2021).