Como os ventos de maioria mudaram estas eleições

PS cresce em quase todo o país: é o partido mais votado em 252 concelhos e reforça vantagens em 242. Chega e IL sobem em todos os municípios.

Como ler este mapa:

Cada seta indica o crescimento que um partido teve face à última eleição. Setas maiores indicam crescimentos maiores.

Locais em que o PS cresceu

Locais em que o PSD cresceu

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O PS conquistou a maioria absoluta. Venceu em 252 concelhos, mais 22 do que nas legislativas de 2019, e melhorou os resultados em 242. O PSD até cresceu em 239 concelhos, mas foi o partido mais votado em apenas 56.

Mora e Arraiolos, no distrito de Évora, foram os dois municípios com maior aumento da votação para o PS. Em Mora, bateu a CDU e passou de 32% para 45%. Já em Arraiolos, a subida foi de 33% para 43%.

Ainda que sem grandes diferenças nas percentagens de voto, uma parte da vitória do PS construiu-se também no Norte. Venceu pela segunda vez em Viseu, baluarte do PSD. O PS venceu ainda nos distritos de Bragança e Vila Real, onde a direita ganhava consecutivamente desde 2005, e reforçou vantagens em Viana do Castelo, Braga, Guarda, Porto e Aveiro.

Nos Açores, o PS aumentou a votação, com apenas duas excepções: Lajes das Flores e Santa Cruz da Graciosa, em que as suas percentagens de voto diminuíram. Apesar de uma melhoria na votação na Horta, perderam a ilha para a coligação PSD/CDS-PP/PPM, que subiu e levou a melhor.

Depois de, em 2019, PSD e PS terem dividido concelhos na Madeira, a hegemonia laranja voltou a fazer-se sentir. Só em Machico o PS ficou à frente. O PSD recuperou concelhos ou consolidou vantagens.

O Chega melhorou os resultados de 2019 em todos os municípios e tornou-se na 3.ª força política na AR. Maiores aumentos? Viseu, mais concretamente em Penedono, Sernancelhe e São João da Pesqueira. Em Penedono, passou de 0,2% para 9%. O crescimento foi grande a nível nacional, mas os melhores resultados concentram-se no sul: acima dos 18% em Elvas, Moura e Monforte.

O IL também melhorou o resultado em todos os concelhos. Os oito deputados eleitos foram conseguidos em zonas urbanas. Com percentagens acima dos 10%, foi o 3.º partido mais votado em Lisboa, Cascais e Oeiras. Também ficou em 3.º no Porto, Matosinhos, Gaia, Maia e Braga.

Em sentido contrário, BE, CDU e PAN pioraram resultados em todo o território, salvo algumas excepções em municípios pouco populosos. A percentagem de votos do BE desceu em 307 dos 308 concelhos e o PAN caiu em 303, enquanto a CDU perdeu votos em 294. As maiores das 14 subidas dos comunistas foram em concelhos insulares, com números de eleitores bastante reduzidos, e o BE só melhorou em Porto Moniz, na Madeira, onde conseguiu os mesmos 20 votos de 2019, mas beneficiou de um aumento da abstenção.

O Livre, que elegeu um deputado, foi o único partido à esquerda do PS com representação parlamentar que melhorou resultados em dois terços do país (206 concelhos). Saiu-se melhor no litoral, sobretudo nas cidades. Melhores resultados? Lisboa, Oeiras, Cascais e Porto.

Pela primeira vez em 47 anos de democracia, o CDS não elegeu qualquer deputado. Piorou resultados em quase todos os concelhos: a excepção foi Pampilhosa da Serra (Coimbra), onde subiu de 51 votos em 2019 para 59 (2,6% para 3%).