Ali Smith distinguida com Prémio Whitbread de romance

Conhecidos finalistas das cinco categorias do prémio, dos quais sairá o vencedor do Whitbread Livro do Ano

Ali Smith foi ontem doistinguida com o Prémio Whitbread na categoria de romance com The Accidental e é considerada a favorita para ganhar o Prémio Whitbread Livro do Ano, um dos prémios literários mais importantes do Reino Unido, que será anunciado a 24 de Janeiro em Londres.O Prémio Whitbread para a primeira obra foi para The Harmony Silk Factory, de Tash Aw (um livro que se passa na Malásia em 1930-40). Christopher Logue e Cold Calls (um novo olhar sobre a Ilíada) venceu o Whitbread na categoria de poesia. Matisse the Master, de Hilary Spurling, foi considerada a melhor biografia e Kate Thompson ganhou o Prémio Whitbread da literatura infantil com The New Policeman. Cada um dos premiados irá receber 7256 euros - o vencedor do livro do ano receberá depois 36.286 euros.
The Accidental conta a história de Ambre, uma mulher que vai perturbar a ordem das férias da família Smart, aparecendo de surpresa à sua porta, na cidade de Nortfolk. O marido da família Smart, Michael, assume que Ambre é uma amiga da sua mulher, Eve; e a mulher assume que Ambre é uma das alunas do marido. As duas crianças, Magnus e Astrid, não questionam a aparição. A obra parte da mesma ideia do filme Teorema, de Pasolini (1968). O romance irá ser publicado ainda este ano em Portugal, pela editora Bico de Pena, na sua colecção Pena de Pato (A Acidental será o título; irão publicar também da autora Hotel World que ficará Hotel).
Ali Smith venceu concorrentes de peso como Salman Rushdie (Shalimar Le Clown) e Nick Hornby (A Long Way Down). Já tinha sido duas vezes finalista de um outro prémio literário importante - o Man Booker (em 2001 e 2005). "Ainda não acredito que isto me aconteceu. Tive imensa sorte!", disse à agência Reuters. Era professora universitária, mas abandonou o ensino e escreve a tempo inteiro. Este é o seu terceiro romance: tem também Like (1997) e Hotel World (2001). É também autora de livros de contos: Free Love and Other Stories (1995); Other Stories and Other Stories (1999) e The Whole Story and Other Stories (2003).
Smith tem 43 anos, nasceu em Inverness, na Escócia, e vive em Cambridge. É uma mulher pequenina, com uns olhos azuis que hipnotizam por causa do contraste que fazem com os seus cabelos muito negros. Ela já disse de si própria: "Pareço um troll. Não vou ser uma celebridade dos media." Afinal, a celebridade bateu-lhe ontem à porta. Tem na sua obra um universo perturbador. Os seus contos são surpreendentes e têm reviravoltas. Neles somos muitas vezes confrontados com dois pontos de vista diferentes sobre um determinado acontecimento (será possível saber "a verdade" de uma história? Ou saber a história toda?) e na sua escrita nem sempre sabemos se estamos a lidar com mulheres ou com homens (vantagens de escrever em língua inglesa).
O júri do Prémio Whitbread, este ano presidido pelo escritor inglês Michael Morpurgo, considerou o livro "um glorioso trabalho de ficção que nos provocou tanto o riso como a tristeza e que nenhum de nós conseguiu deixar de ler."
O prémio Whitbread foi criado em 1971, está aberto a escritores residentes na Grã-Bretanha e Irlanda e na próxima edição deverá mudar de nome - a sociedade Whitbread irá deixar de ser o mecenas do galardão e está à procura de um novo patrocinador.

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