Preservar o sangue do cordão umbilical? Saiba porque é tão importante

Se está prestes a ser pai ou mãe é essencial tomar uma decisão informada sobre o que fazer com o sangue do cordão umbilical do seu bebé.

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Sendo o sangue do cordão umbilical dos bebés utilizado em medicina de transplantação desde 1988, a sua preservação é uma prática cada vez mais comum e a razão prende-se com o facto de as células ali presentes possuírem um potencial terapêutico para o tratamento de diferentes tipos de cancro e de outras doenças associadas ao sangue ou ao sistema imunitário.

Segundo o “Guia para os Pais” elaborado pelo Comité Europeu para a Transplantação de Órgãos do Conselho da Europa (CD-P-TO), com a chancela do Instituto Português do Sangue e da Transplantação, “os resultados deste tipo de transplante em adultos continuam a melhorar”, destacando mesmo o Comité Europeu que “a transplantação de sangue do cordão em crianças apresenta uma sobrevivência semelhante ou superior à verificada para transplantes de progenitores hematopoiéticos de outras fontes" (como a medula óssea ou o sangue periférico mobilizado), quando este é feito a partir das células estaminais hematopoiéticas de um dador.

O que é o sangue do cordão umbilical?

Depois de o bebé nascer, e uma vez cortado o cordão umbilical, algum sangue permanece nos vasos sanguíneos da placenta e do fragmento de cordão que lhe permanece ligado. E é este sangue que é chamado de sangue do cordão umbilical.

Além de todos os elementos normais do sangue, o sangue do cordão umbilical é rico em células estaminais, semelhantes às presentes na medula óssea, que por se apresentarem num estado muito imaturo, têm uma elevada capacidade de divisão e de auto-renovação. Aliás, é devido ao seu potencial para dar origem a todas as células constituintes do sangue que estas são designadas por células progenitoras hematopoiéticas.

Como é obtido o sangue do cordão umbilical?

Após o nascimento do bebé, o sangue do cordão umbilical pode ser colhido, antes ou depois de a placenta ser retirada, sendo um procedimento seguro, indolor, não invasivo e que em nada interfere com o parto. Este é colhido para um saco estéril, sendo posteriormente enviado para o banco de sangue do cordão umbilical onde será processado e testado. Se for considerado adequado para utilização clínica, a amostra será criopreservada (congelada).

Relativamente ao tempo máximo de armazenamento, este é ainda desconhecido, mas de acordo com o CD-P-TO, “os estudos têm mostrado que as unidades de sangue do cordão umbilical armazenadas por mais de 23 anos permanecem viáveis”.

Células que podem salvar vidas

Todos os anos, milhares de pessoas são diagnosticadas com doenças curáveis através de transplantes de células estaminais hematopoiéticas. Quando transplantadas, estas células têm o poder de repovoar a medula óssea do doente, proliferando e diferenciando-se em células sanguíneas adultas e funcionais. Como tal, a colheita do sangue do cordão umbilical tem como principal objectivo a realização de um transplante para um doente que dele precise desde que seja compatível.

Este tipo de células é considerado salva-vidas, pois são utilizadas no tratamento de doentes com diferentes tipos de cancro, tais como leucemias, linfomas e outras doenças associadas ao sangue ou ao sistema imunitário.

Aliás, quando são transplantadas células estaminais hematopoiéticas do sangue do cordão umbilical, “o risco de o doente desenvolver a doença do enxerto-contra-hospedeiro, uma condição médica em que as células estaminais hematopoiéticas do dador atacam os tecidos e órgãos do doente, muitas vezes com um resultado fatal, é muito menor do que quando se utilizam células estaminais do sangue periférico ou da medula óssea”, destaca o CD-P-TO.

Crioestaminal: há 20 anos em Portugal

Fundada em 2003, a Crioestaminal é pioneira no país ao disponibilizar o serviço de armazenamento de células estaminais do sangue do cordão umbilical. Ao longo de duas décadas, a missão da empresa tem sido a disponibilização de células estaminais para tratamento e o contributo para o desenvolvimento desta área da medicina.

Neste âmbito a Crioestaminal tem investido continuamente em projectos de investigação, os quais deram já origem ao registo de quatro patentes internacionais e ao lançamento de uma área laboratorial para produção de medicamentos para terapias avançadas, tendo por base as células estaminais.

Na celebração de 20 anos de existência, a Crioestaminal orgulha-se de ter a confiança de mais de 120 mil famílias, cujas amostras de células estaminais se encontram guardadas no seu laboratório, e do seu contributo para 21 tratamentos realizados com estas células, tendo recebido, pelo décimo ano consecutivo, o "Prémio Escolha do Consumidor", com uma elevada taxa de satisfação e recomendação por parte das famílias portuguesas.

Actualmente, a Crioestaminal incorpora o maior grupo europeu da área das células estaminais, o grupo Famicord, que conta com laboratórios de criopreservação em diversos países europeus, incluindo dois laboratórios de desenvolvimento de terapias celulares, sendo um deles o da Crioestaminal.

O grupo Famicord, no conjunto de todos os laboratórios que o integram, conta já com mais de 6000 amostras de células estaminais de várias fontes utilizadas em tratamentos, dos quais mais de 320 com células estaminais de sangue do cordão umbilical e mais de 1800 com tecido do cordão umbilical.

Tal como qualquer empresa, os serviços da Crioestaminal são pagos. Mas será que sabe que existem condições facilitadas de acesso ao serviço? O serviço de recolha, processamento e armazenamento do sangue do cordão umbilical tem um custo anual de 65 euros após um investimento inicial de 465 euros. Em alternativa, poderá realizar o pagamento imediato do serviço por 25 anos.

Muitos pais não sabem também que é possível doar, de forma gratuita, as células estaminais para investigação ao banco de tecidos e células da Crioestaminal. Caso a família opte pela doação das células estaminais — que funciona tal como uma dádiva de sangue —, esta deixará de ter direitos sobre a amostra, mas terá feito, em contrapartida, um importante contributo para a ciência.

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