Covid-19: Pessoas previamente infectadas estarão mais protegidas do que as vacinadas

Estudo que decorreu em Israel será apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, em Lisboa, em Abril.

Foto
Coronavírus SARS-CoV-2 NIAID

As pessoas previamente infectadas com o coronavírus SARS-CoV-2 podem estar mais protegidas contra uma reinfecção a longo prazo do que quem foi apenas vacinado, sugere um estudo que será apresentado em Abril em Lisboa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

As pessoas previamente infectadas com o coronavírus SARS-CoV-2 podem estar mais protegidas contra uma reinfecção a longo prazo do que quem foi apenas vacinado, sugere um estudo que será apresentado em Abril em Lisboa.

“Embora ao longo do tempo o número de anticorpos caia tanto em doentes previamente infectados como em doentes vacinados, o desempenho dos anticorpos melhora apenas após infecção prévia (e não vacinação). Essa diferença poderá explicar por que pacientes previamente infectados parecem estar mais protegidos contra uma nova infecção do que aqueles que foram apenas vacinados”, avança a investigação liderada por Carmit Cohen, do Centro Médico Sheba, em Ramat Gan​ (Israel).

Este estudo, que será apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas que decorrerá em Lisboa de 23 a 26 de Abril, também refere que, ao contrário das expectativas, os doentes com obesidade e previamente infectados apresentaram uma “resposta imunitária mais alta e mais sustentada” do que os que tinham excesso de peso ou o peso normal.

“Embora a protecção contra a reinfecção dure muito tempo em pacientes recuperados de SARS-CoV-2, as infecções são cada vez mais comuns seis meses após a vacinação”, adiantou a Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas em comunicado agora divulgado.

Os investigadores analisaram a resposta imunitária humoral (induzida por anticorpos) em pessoas recuperadas, mas não vacinadas contra a covid-19, e compararam com aqueles que receberam duas doses da vacina da Pfizer/BioNtech mas sem infecção anterior.

O estudo recrutou pessoas previamente infectadas e não vacinadas, enquanto outras estavam duplamente vacinadas e nunca infectadas, e terminou em Abril de 2021, pouco antes da variante Delta chegar a Israel.

Os investigadores descobriram que os números de anticorpos um mês após a vacinação eram maiores do que os dos pacientes recuperados da covid-19, no entanto, esses valores também diminuíram mais acentuadamente no grupo vacinado.

"O Índice de Avidez (a qualidade de desempenho de anticorpos) foi maior em indivíduos vacinados do que em pacientes recuperados inicialmente. No entanto, o Índice de Avidez até seis meses não mudou significativamente nos indivíduos vacinados, enquanto aumentou gradualmente nos pacientes recuperados e potencialmente os protegeu da reinfecção”, adiantam as conclusões.

“Contra as expectativas”, adianta ainda o comunicado, o nível de anticorpos em pacientes recuperados com índice de massa corporal (IMC) de 30 ou superior (faixa de obesidade) foi maior em todos os momentos, quando comparado com aqueles com um IMC abaixo desse valor, “sugerindo que pessoas com obesidade que tinham sido previamente infectadas estavam mais bem protegidas contra infecções futuras do que aquelas que estavam com sobrepeso ou peso normal e haviam sido infectadas anteriormente”.