Pfizer e BioNtech vão testar vacina específica para a Ómicron

Empresas anunciam início de ensaio clínico de doses de reforço adaptadas à variante do vírus SARS-CoV-2 que se está a tornar dominante. Agências reguladoras apelam, no entanto, ao desenvolvimento de vacinas eficazes contra várias estirpes.

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O novo ensaio clínico vai dividir as pessoas em três grupos MICHELE TANTUSSI/Reuters

A Pfizer e a BioNTech anunciaram o início de um ensaio clínico de uma nova versão da sua vacina contra a covid-19 concebida especificamente para a variante Ómicron, que consegue evadir-se a alguma da protecção imunitária conferida pelas actuais vacinas.

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A Pfizer e a BioNTech anunciaram o início de um ensaio clínico de uma nova versão da sua vacina contra a covid-19 concebida especificamente para a variante Ómicron, que consegue evadir-se a alguma da protecção imunitária conferida pelas actuais vacinas.

Os 1420 voluntários que participam no ensaio vão ser distribuídos por três grupos. Num deles, as pessoas receberam duas doses da actual vacina e vão tomar uma ou duas doses da nova vacina modificada para responder melhor à variante Ómicron do vírus SARS-CoV-2, diz um comunicado de imprensa das duas empresas. Noutro grupo, os participantes receberam já a terceira dose da vacina actual e receberão uma quarta dose da nova vacina experimental.

Um terceiro grupo é composto por pessoas que ainda não se vacinaram, e que receberão três doses da nova vacina adaptada à Ómicron.

“As vacinas continuam a dar uma protecção forte contra doença grave causada pela Ómicron. No entanto, começam a surgir dados que indicam que protecção vacinal contra a infecção e formas moderadas ou ligeiras da doença desaparece mais rapidamente do que com outras variantes”, diz, citado no comunicado de imprensa, Ugur Sahin, administrador e fundador da empresa alemã BioNtech. “Este estudo faz parte da nossa abordagem com base na ciência para desenvolver uma vacina com base numa variante que garanta um nível de protecção contra a Ómicron semelhante ao que se conseguia contra variantes anteriores, com uma duração mais longa da protecção”, explicou.

“Embora a ciência e os dados epidemiológicos de que dispomos nos mostrem que as doses de reforço continuam a dar um alto nível de protecção contra doença grave e hospitalização no caso de infecção pela variante Ómicron, reconhecemos a necessidade de estar preparados no caso de a protecção se reduzir”, disse Kathrin U. Jansen, vice-presidente e responsável pela investigação e desenvolvimento de vacinas na Pfizer, citada no comunicado de imprensa.

Israel foi o primeiro país a avançar com a estratégia de dar uma quarta dose das actuais vacinas, mas a análise preliminar dessa estratégia não parece indicar grande vantagem – segundo os primeiros resultados de um estudo feito no Centro Médico Sheba apresentado em Israel.

Em comparação com um grupo de pessoas que não teve esse reforço, a quantidade de anticorpos até aumentou entre os 154 trabalhadores do centro médico que receberam uma quarta dose da Pfizer, e estão ainda a ser estudados os efeitos em 120 outras pessoas que foram vacinadas pela quarta vez com a Moderna, após três doses de Pfizer.

“Mas isto provavelmente não é suficiente para a Ómicron”, disse Gili Regev-Yochay, directora da unidade de doenças infecciosas do centro médico, citada pela agência Reuters. “Sabemos que o nível de anticorpos necessário para proteger de forma a não ser infectado pela Ómicron é provavelmente demasiado alto para esta vacina, mesmo que seja uma boa vacina”, disse Regev-Yochay.

De uma reunião das agências reguladoras do medicamento – como a Agência Europeia do Medicamento – na semana passada, no entanto, saiu um apelo “à comunidade científica internacional e aos fabricantes de vacinas para que tentem abordagens alternativas às vacinas monovalentes”, isto é, que possam ser eficazes contra várias variantes. “A administração de múltiplas doses de reforço a intervalos curtos não é uma abordagem sustentável a longo prazo. É preciso desenvolver uma estratégia a longo prazo sobre o tipo de vacinas que serão necessárias para gerir a covid-19 no futuro”, dizia o comunicado da Coligação Internacional de Agências Reguladoras de Medicamentos.