A crise da habitação que a pandemia silenciou vai piorar

A falta de dados oficiais dificulta o desenho do actual retrato habitacional, mas as associações que trabalham no terreno não têm dúvidas de que “a crise habitacional vai piorar”.

Foto
Maria de Lourdes Passos e o marido passaram a pandemia numa casa emprestada, sem água Nuno Ferreira Santos

Não demorou muito a render-se à inevitabilidade das circunstâncias. Artista precário e habituado à sazonalidade, abria e fechava a actividade na Segurança Social com a frequência necessária para não ter de pagá-la quando não tinha trabalho. Calhou ter fechado a actividade no mês errado, não foi considerado elegível para receber os apoios destinados aos trabalhadores independentes e, sem trabalho, deixou de ter dinheiro para pagar a renda. Com uma situação habitacional igualmente precária, os apoios ao arrendamento, que obrigavam à apresentação de um contrato, também não eram opção. A pandemia mal tinha chegado a Portugal, ainda na primeira metade de 2020, e já Filipe (nome fictício) abdicava voluntariamente da casa que dividia com outras duas pessoas, antes de ser forçado a deixá-la.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Não demorou muito a render-se à inevitabilidade das circunstâncias. Artista precário e habituado à sazonalidade, abria e fechava a actividade na Segurança Social com a frequência necessária para não ter de pagá-la quando não tinha trabalho. Calhou ter fechado a actividade no mês errado, não foi considerado elegível para receber os apoios destinados aos trabalhadores independentes e, sem trabalho, deixou de ter dinheiro para pagar a renda. Com uma situação habitacional igualmente precária, os apoios ao arrendamento, que obrigavam à apresentação de um contrato, também não eram opção. A pandemia mal tinha chegado a Portugal, ainda na primeira metade de 2020, e já Filipe (nome fictício) abdicava voluntariamente da casa que dividia com outras duas pessoas, antes de ser forçado a deixá-la.