Para a GNR, é vítima quem quer

Com um post de Facebook inacreditável alegadamente para ajudar as vítimas de partilhas não consentida de imagens íntimas, a GNR escolheu não dizer ‘não sejas criminoso’ para dizer ‘não sejas vítima’. O ónus, como sempre, em cima do comportamento das mulheres.

Não é fenómeno novo culpar-se as mulheres pela violência que é perpetrada sobre elas. Há o clássico indagar da roupa de uma vítima de violência sexual, e por que carga de água estava numa discoteca às tantas da manhã acompanhada de outros homens (que não o seu namorado ou irmãos; de repente tornamo-nos semelhantes aos extremistas islâmicos), se tinha bebido (ao invés de se considerar que ter sexo com uma mulher inebriada com quem não se tem expetativa de consentimento sexual é abuso de pessoa incapaz de consentir, usa-se a vulnerabilidade da mulher contra ela). Na violência doméstica é parecido. A culpa, no fundo, é delas, que terminam relações, querem divórcios, provocam os ciúmes dos seus oh tão arrebatados parceiros ou são tão irritantes que é impossível não fazerem perder a cabeça a um santo homem.

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Não é fenómeno novo culpar-se as mulheres pela violência que é perpetrada sobre elas. Há o clássico indagar da roupa de uma vítima de violência sexual, e por que carga de água estava numa discoteca às tantas da manhã acompanhada de outros homens (que não o seu namorado ou irmãos; de repente tornamo-nos semelhantes aos extremistas islâmicos), se tinha bebido (ao invés de se considerar que ter sexo com uma mulher inebriada com quem não se tem expetativa de consentimento sexual é abuso de pessoa incapaz de consentir, usa-se a vulnerabilidade da mulher contra ela). Na violência doméstica é parecido. A culpa, no fundo, é delas, que terminam relações, querem divórcios, provocam os ciúmes dos seus oh tão arrebatados parceiros ou são tão irritantes que é impossível não fazerem perder a cabeça a um santo homem.