Testes em massa? “Não sei se este esforço enorme vale a pena”

Germano de Sousa diz que laboratórios também estão a ser chamados para testar em escolas e que há capacidade de resposta.

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Germano de Sousa Daniel Rocha

Germano de Sousa, antigo Bastonário da Ordem dos Médicos e director de uma rede de laboratórios com o seu nome, diz que está a ser feito um “esforço enorme” com a testagem em massa. Mas que há capacidade de resposta.

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Germano de Sousa, antigo Bastonário da Ordem dos Médicos e director de uma rede de laboratórios com o seu nome, diz que está a ser feito um “esforço enorme” com a testagem em massa. Mas que há capacidade de resposta.

Continua a concordar com a estratégia de testagem em massa da população?
Os testes antigénio têm um problema: a sua sensibilidade faz com que a sua utilização seja razoável apenas quando a pessoa tem sintomas, que é quando há uma concentração suficientemente elevada de moléculas virais. Os fabricantes de testes antigénio aconselham a que sejam feitos durante os cinco primeiros dias de sintomas. É nessa altura que temos sensibilidade suficiente para dizer que, se o teste for negativo, não deve ser covid-19.

Uma testagem em massa só seria realmente eficaz se fosse possível fazê-la quase todos os dias. De outro modo, não sei se será muito útil. Os testes antigénio fora do período sintomático não têm sensibilidade suficiente para positivarem. Por isso, não sei se este esforço enorme vale a pena. Mas também não posso dizer que não vai ser útil: há uma dimensão psicológica que tem de ser levada em conta e a única forma que existe, do ponto de vista psicológico – político até –, de manter as coisas em funcionamento é fazer qualquer coisa como isto.

O país tem capacidade para continuar a fazer um número elevado de testes PCR todos os dias, como tem feito nas últimas semanas?
O momento mais crítico foi indiscutivelmente o período antes do Natal e o logo depois do Natal, até ao Ano Novo. Aí, foi uma avalanche. Nessa fase, tive de dizer a muitas pessoas que era impossível ter os resultados em 12 horas. Às vezes, só foi possível tê-los em 48 horas. Nessa altura foi realmente difícil. Agora, tudo começou a abrandar. Estamos a fazer entre 6000 e 7000 testes PCR por dia. Na altura do Natal, passámos duas semanas a fazer 14 mil a 15 mil [nos nossos laboratórios]. Mesmo nos picos mais altos de Janeiro de 2021, nós nunca chegámos a esses números astronómicos. Fazíamos ainda mais 8000 a 9000 testes antigénio. Agora fazemos cerca de 6000. Temos sempre uma procura menor nesses testes, porque actuamos como “fim de linha”, como “tira-teimas”.

A operação de testagem de professores e funcionários nas escolas veio aumentar o número de testes realizados?
Também estamos a fazer testes nas escolas, mas não vejo que haja problemas de maior ao nível da nossa capacidade. Temos respondido sem grandes problemas. Não terei todos os dados na mão e não sei bem o que se passa noutros laboratórios, mas quando, há uns meses [no início do 1.º período lectivo], foi necessário testar todos os alunos, aumentámos a capacidade de testagem e conseguimos perfeitamente dar conta das escolas.