Governo português refuta acusação “insultuosa” de opositor russo sobre Abramovich

Santos Silva afirmou que se trata de “uma crítica profundamente injusta: a ideia de que os funcionários portugueses carregam malas de dinheiro é insultuosa e não tem nenhum fundamento”

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O Governo português explicou esta quarta-feira que a concessão da nacionalidade portuguesa ao multimilionário Abramovich está em conformidade com uma lei de 2014, à qual já recorreram “milhares de pessoas”.

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O Governo português explicou esta quarta-feira que a concessão da nacionalidade portuguesa ao multimilionário Abramovich está em conformidade com uma lei de 2014, à qual já recorreram “milhares de pessoas”.

A declaração do executivo português foi feita pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, quando questionado pela comunicação social, no final da reunião de Conselho de Ministros, sobre a atribuição da nacionalidade portuguesa ao empresário multimilionário russo Roman Abramovich e as consequentes críticas ao processo e acusações a Portugal feitas pelo opositor russo Alexei Navalny, actualmente detido na Rússia.

“Li a crítica dirigida a Portugal, que me parece uma crítica profundamente injusta: a ideia de que os funcionários portugueses carregam malas de dinheiro é insultuosa e não tem nenhum fundamento. E quando fazemos críticas sem fundamento, essas críticas não têm nenhuma pertinência”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

O oligarca russo dono do clube de futebol Chelsea naturalizou-se este ano ao abrigo da Lei da Nacionalidade como descendente de judeus sefarditas, à semelhança de “milhares de pessoas” em situação semelhante, explicou Santos Silva, durante a conferência de imprensa.

“Desde 2014, com a aprovação da lei na Assembleia da República que permite a concessão de nacionalidade portuguesa a pessoas descendentes dos judeus sefarditas expulsos de Portugal no século XV, milhares de pessoas têm utilizado essa faculdade que o Parlamento lhes deu para adquirir a nacionalidade portuguesa”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.

Santos Silva garantiu que estes processos de concessão de nacionalidade “seguem os habituais escrutínios que são de lei”, que “o Ministério dos Negócios Estrangeiros não interfere” e que “a diplomacia portuguesa não trata de questões relativas a particulares”.

O jornal Público divulgou recentemente críticas feitas este mês por Alexei Navalny, reconhecido como o principal opositor político do Presidente russo, Vladimir Putin, à decisão de Portugal de conceder a naturalização a Abramovich.

“Finalmente conseguiu encontrar um país onde pode pagar alguns subornos e fazer alguns pagamentos semioficiais e oficiais para acabar na União Europeia (UE) e na NATO”, escreveu Navalny na sua página na rede social Twitter.