Fora dos lugares-comuns do mundo da arte

A lista que aqui apresentamos inclui momentos que vão contra um status quo do chamado mundo da arte onde, apesar de alguns discursos panfletários mais estridentes, não revela nenhuma mudança estrutural em relação ao que já existe há décadas.

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João Maria Gusmão e Pedro Paiva levaram ao limite a atenção ao poder metafísifico, epistemológico e ontológico da imagem Filipe Braga

Ao sair da visita de Terçolho, a grande exposição antológica de João Maria Gusmão e Pedro Paiva apresentada em Serralves, percebia-se que o trabalho daquela dupla de artistas revalorizava algumas premissas que a arte sempre considerou como suas mas que grande parte das linguagens contemporâneas preferiram pôr de lado. Falamos da opção pelo objecto, presente nas esculturas e outras peças que enchiam os espaços nobres de exposição do museu, mas também da imaginação, da criatividade, do nonsense que, há coisa de um século, o Surrealismo erigiu em bandeira. Gusmão e Paiva praticaram-no em instalações e filmes que, no momento da montagem, eram destacados através de escolhas expositivas surpreendentes e originais. Para eles, a obra de arte sempre serviu de catalisador a um impulso narrativo certeiro, embora o sentido dessa narrativa permanecesse escondido, oculto, dissimulado. Ou não; talvez esse impulso não passe disso mesmo e que, como o desejo pela Noiva de Duchamp, ele esteja condenado à eterna frustração. Em Serralves, ocuparam não apenas as salas habituais, mas também outros lugares menos óbvios, como as garagens, por exemplo; aqui, era a vida quotidiana, comezinha e banal de todos aqueles que têm que arrumar o carro no início do dia de trabalho, que era totalmente contaminada pela obra de arte.

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Ao sair da visita de Terçolho, a grande exposição antológica de João Maria Gusmão e Pedro Paiva apresentada em Serralves, percebia-se que o trabalho daquela dupla de artistas revalorizava algumas premissas que a arte sempre considerou como suas mas que grande parte das linguagens contemporâneas preferiram pôr de lado. Falamos da opção pelo objecto, presente nas esculturas e outras peças que enchiam os espaços nobres de exposição do museu, mas também da imaginação, da criatividade, do nonsense que, há coisa de um século, o Surrealismo erigiu em bandeira. Gusmão e Paiva praticaram-no em instalações e filmes que, no momento da montagem, eram destacados através de escolhas expositivas surpreendentes e originais. Para eles, a obra de arte sempre serviu de catalisador a um impulso narrativo certeiro, embora o sentido dessa narrativa permanecesse escondido, oculto, dissimulado. Ou não; talvez esse impulso não passe disso mesmo e que, como o desejo pela Noiva de Duchamp, ele esteja condenado à eterna frustração. Em Serralves, ocuparam não apenas as salas habituais, mas também outros lugares menos óbvios, como as garagens, por exemplo; aqui, era a vida quotidiana, comezinha e banal de todos aqueles que têm que arrumar o carro no início do dia de trabalho, que era totalmente contaminada pela obra de arte.