Tom Stoddart (1953-2021), o repórter que procurava o sítio certo e a hora certa

Em quatro décadas de ofício, o repórter inglês Tom Stoddart captou a dignidade humana e a fúria da guerra. Perseguia notícias, mas também histórias com um imperativo moral.

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Tom Stoddart na Sérvia em 2015 Tom Stoddart/Getty Images

Era um regresso a casa, a Londres, depois de mais uma jornada de trabalho em Berlim Oriental. Era Agosto de 1989 e Tom Stoddart diz que sentiu a força do instinto a dizer-lhe para, mal fosse possível, regressar à Alemanha dividida. Aparentemente não havia razões pragmáticas para aquela decisão e nenhum dos editores de jornais e revistas com que Stoddart habitualmente trabalhava a apoiou. Ainda assim, o seu instinto foi mais forte (“algo me dizia que alguma coisa de espectacular ia acontecer”), pagou um bilhete de avião do seu bolso e voltou a Berlim. No início de Novembro captou uma grande manifestação na parte Oriental de Berlim contra o regime comunista, reportagem que seria publicada na Time. No fim da tarde do dia 9 de Novembro, quando estava dentro de um táxi começaram a ouvir-se informações na rádio dando conta de que os alemães de Leste podiam “emigrar” para o outro lado, para ocidente, e que o muro podia começar a cair. Pediu que o levassem para junto do muro e os acontecimentos precipitaram-se rumo a um dos mais marcantes momentos do século XX – a queda do muro de Berlim, o fim da Guerra Fria, a unificação alemã, o colapso da teia de influência geopolítica soviética. E foi assim que o repórter fotográfico inglês Tom Stoddart se tornou num dos primeiros a registar as brechas que se começaram a abrir no muro, os primeiros gritos de alegria, as primeiras passagens de um lado para o outro, o desfraldar de bandeiras alemãs em sinal de reunificação de um país dividido há três décadas, os beijos, os abraços, a euforia, a liberdade.

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Era um regresso a casa, a Londres, depois de mais uma jornada de trabalho em Berlim Oriental. Era Agosto de 1989 e Tom Stoddart diz que sentiu a força do instinto a dizer-lhe para, mal fosse possível, regressar à Alemanha dividida. Aparentemente não havia razões pragmáticas para aquela decisão e nenhum dos editores de jornais e revistas com que Stoddart habitualmente trabalhava a apoiou. Ainda assim, o seu instinto foi mais forte (“algo me dizia que alguma coisa de espectacular ia acontecer”), pagou um bilhete de avião do seu bolso e voltou a Berlim. No início de Novembro captou uma grande manifestação na parte Oriental de Berlim contra o regime comunista, reportagem que seria publicada na Time. No fim da tarde do dia 9 de Novembro, quando estava dentro de um táxi começaram a ouvir-se informações na rádio dando conta de que os alemães de Leste podiam “emigrar” para o outro lado, para ocidente, e que o muro podia começar a cair. Pediu que o levassem para junto do muro e os acontecimentos precipitaram-se rumo a um dos mais marcantes momentos do século XX – a queda do muro de Berlim, o fim da Guerra Fria, a unificação alemã, o colapso da teia de influência geopolítica soviética. E foi assim que o repórter fotográfico inglês Tom Stoddart se tornou num dos primeiros a registar as brechas que se começaram a abrir no muro, os primeiros gritos de alegria, as primeiras passagens de um lado para o outro, o desfraldar de bandeiras alemãs em sinal de reunificação de um país dividido há três décadas, os beijos, os abraços, a euforia, a liberdade.