Groundforce recupera equipamentos vendidos à TAP em Março para pagar salários

Comissão de Trabalhadores diz que a comissão de credores votou a favor do fim das acções judiciais contra a TAP avançadas por Alfredo Casimiro. Em contrapartida haverá a “recuperação da titularidade dos equipamentos” cedidos em Março.

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Empresa tinha cedido os equipamentos para conseguir pagar salários Rui Gaudencio

A SPdH/Groundforce vai recuperar “a titularidade imediata” dos equipamentos, como escadas, autocarros e reboques, cedidos à TAP em Março deste ano em troca de sete milhões de euros, que serviram para pagar salários em atraso aos trabalhadores.

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A SPdH/Groundforce vai recuperar “a titularidade imediata” dos equipamentos, como escadas, autocarros e reboques, cedidos à TAP em Março deste ano em troca de sete milhões de euros, que serviram para pagar salários em atraso aos trabalhadores.

De acordo com o comunicado da Comissão de Trabalhadores (CT) da Groundforce, esta será a contrapartida pelo facto de, na quinta-feira, a comissão de credores ter decidido por unanimidade acabar com as acções judiciais contra a TAP que tinham sido colocadas pela anterior administração, liderada por Alfredo Casimiro, com o objectivo de anular o acordo “que levou à venda dos equipamentos”, em Março.

Nessa altura, o acordo de venda e posterior aluguer dos equipamentos (com opção de compra) envolveu a entrada de cerca de sete milhões de euros por parte da TAP na Groundforce e regularizar o pagamento dos cerca de 2400 trabalhadores da empresa. Pouco depois, em Abril, Alfredo Casimiro, que controlava 50,1% da Groundforce e era o seu presidente (desde que a empresa foi declarada insolvente, a pedido da TAP, donas dos outros 49,9%, tem sido gerida por dois administradores de insolvência), anunciou que ia anular o contrato. O PÚBLICO enviou diversas questões à TAP sobre o negócio, mas não obteve resposta.

Segundo a CT, o acordo “implicará o pagamento, por parte da empresa, de uma compensação à TAP” pelo período em que o negócio esteve em vigor, e que será “integrado nos créditos sobre a insolvência”. “A procura (vital) por um novo interessado que possa assumir os destinos da empresa e a maioria do capital será facilitada pela valorização efectiva que representará o regresso dos equipamentos” à Groundforce. Além disso, sublinham, “a inexistência de litígios judiciais, com o maior cliente e segundo maior accionista, será mais um atractivo para um interessado na aquisição da empresa”.

A CT destaca também que o fim do acordo com a TAP vai permitir “a recuperação de um valor de IVA que irá representar um ganho de tesouraria relevante para a sustentação das contas”. Adiantando que o cumprimento das obrigações da Groundforce está neste momento garantido até Abril, a CT diz que até ao final do ano deverão ser integrados 180 trabalhadores “para tentar responder ao crescimento da actividade” nos aeroportos.

Sobre o plano de recuperação da companhia, a cargo dos dois administradores de insolvência, Bruno Pereira e Pedro Pidwell, os representantes dos trabalhadores explicam que este está “dependente, principalmente, da negociação do contrato de prestação de serviços com a TAP”, cujo plano de recuperação está ainda a ser negociado com a Comissão Europeia, e “da decisão do recurso apresentado contra a insolvência” por Alfredo Casimiro.