Repensar a transparência na economia social em Portugal

Entre 2019 e 2021, este projeto procurou contribuir para o reforço da eficiência e da eficácia das OES, ressignificando práticas de prestação de contas transparentes.

Atualmente, os conceitos de “Transparência” e de “Prestação de Contas” assumem crescente visibilidade no setor das Organizações de Economia Social (OES). A sua problematização envolve a partilha e o diálogo entre a diversidade de perspetivas, de saberes e de vivências, de contextos e de posicionamentos, no sentido de obter um quadro suficientemente representativo do caráter complexo e multidimensional da realidade. Sendo a Prestação de Contas parte da Transparência e pressupondo que responde, de forma tangível, a um conjunto de ações, políticas e práticas, perante diferentes partes interessadas, internas e externas, encontra-se frequentemente associada somente a uma obrigação legal, de natureza financeira.

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Atualmente, os conceitos de “Transparência” e de “Prestação de Contas” assumem crescente visibilidade no setor das Organizações de Economia Social (OES). A sua problematização envolve a partilha e o diálogo entre a diversidade de perspetivas, de saberes e de vivências, de contextos e de posicionamentos, no sentido de obter um quadro suficientemente representativo do caráter complexo e multidimensional da realidade. Sendo a Prestação de Contas parte da Transparência e pressupondo que responde, de forma tangível, a um conjunto de ações, políticas e práticas, perante diferentes partes interessadas, internas e externas, encontra-se frequentemente associada somente a uma obrigação legal, de natureza financeira.

A necessidade das OES (re)avaliarem e (re)pensarem lógicas de funcionamento e práticas gestionárias orientadas para uma maior transparência, garante de legitimidade organizacional, está assim na origem do projeto ‘Transparência nas Organizações de Economia Social Portuguesas’ promovido pela Área Transversal da Economia Social da Universidade Católica Portuguesa - Porto. Entre 2019 e 2021, este projeto procurou contribuir para o reforço da eficiência e da eficácia das OES, ressignificando práticas de prestação de contas transparentes, em que importou acolher várias perguntas, entre as quais: com que lente(s) olhamos a realidade? Refletir e debater as temáticas da Transparência e da Prestação de Contas passou por reconhecer que existe uma diversidade de quadros concetuais, que se refletem em práticas diferentes e frequentemente ambíguas. Neste sentido, o conceito de prestação de contas (transparente) contém amplitude, não é estanque, pelo que incorpora diferentes e novas leituras e dimensões de análise, de acordo com os lugares de partida para a sua exploração e questionamento.

O que nos conduziu, então, a uma outra pergunta: como reconhecer e acolher diferentes lugares e tempos de participação? Numa estreita articulação entre a academia e representantes de OES portuguesas, foi necessário colocar em diálogo saberes e vivências individuais e organizacionais quotidianos, que desafiaram a repensar perspetivas e posicionamentos e a recriar espaços de participação plural. Este cuidado e compromisso possibilitaram a construção conjunta de um Mecanismo de prestação de contas para o setor.

A montante, debatemo-nos, contudo, com a pergunta: que mecanismo de prestação de contas transparente conseguimos imaginar para (re)alimentar aprendizagens e ações transformadoras? Durante dois anos, imaginámos e desenvolvemos, então, de forma crítica, colaborativa e com um caráter exploratório, um Mecanismo de Prestação de Contas transparente, com o propósito de possibilitar um autodiagnóstico organizacional sobre práticas de prestação de contas transparentes, com recomendações, assumidas como oportunidades de melhoria e instigadoras de uma tomada de consciência crítica sobre a temática.

A partir das perguntas e das inquietações vivenciadas neste projeto aprendemos que repensar a Transparência na Economia Social em Portugal requer a recriação, em coletivo, de lugares e tempos de encontro(s), de problematização e de escuta ativa, de experimentação, de criatividade, de retroalimentação, de produção colaborativa de conhecimentos, para redefinir as práticas e os processos de aprendizagem das OES em torno de uma prestação de contas transparente, encarados com potencial para uma transformação pessoal, organizacional e social.