A boa forma de Paul Schrader: um dos melhores filmes do ano

Um homem, uma missão e a disciplina que se auto-impõe para a levar a cabo: um dos melhores filmes estreados este ano.

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Um homem, uma missão e a disciplina que se auto-impõe para a levar a cabo

A obra de Paul Schrader como realizador não se pode resumir a um conjunto de variações sobre o seu mais célebre trabalho como argumentista (o Taxi Driver dirigido por Martin Scorsese), mas essa é uma obsessão muito particular que volta repetidamente. Tínhamo-lo deixado com First Reformed (No Coração da Escuridão), o seu óptimo filme de 2017 onde as reverberações desse argumento dos anos 1970 (sem que, mais uma vez, se pudesse resumir o filme a uma “reverberação”) chegavam, naqueles planos de Ethan Hawke a interpelar a sua imagem num espelho enquanto vestia um colete de explosivos, ao ponto da auto-citação. Homens investidos duma missão, não importa quão desequilibradas ou moralmente injustas sejam a missão ou as razões que conduzem ela, eis o que interessa a Schrader. E depois, todo o entorno, que pode ser religioso ou político, ou um grande sincretismo, e a disciplina e a obstinação das personagens, que se tornam uma “realidade” por elas próprias, muitas vezes em clivagem com a realidade comum.

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A obra de Paul Schrader como realizador não se pode resumir a um conjunto de variações sobre o seu mais célebre trabalho como argumentista (o Taxi Driver dirigido por Martin Scorsese), mas essa é uma obsessão muito particular que volta repetidamente. Tínhamo-lo deixado com First Reformed (No Coração da Escuridão), o seu óptimo filme de 2017 onde as reverberações desse argumento dos anos 1970 (sem que, mais uma vez, se pudesse resumir o filme a uma “reverberação”) chegavam, naqueles planos de Ethan Hawke a interpelar a sua imagem num espelho enquanto vestia um colete de explosivos, ao ponto da auto-citação. Homens investidos duma missão, não importa quão desequilibradas ou moralmente injustas sejam a missão ou as razões que conduzem ela, eis o que interessa a Schrader. E depois, todo o entorno, que pode ser religioso ou político, ou um grande sincretismo, e a disciplina e a obstinação das personagens, que se tornam uma “realidade” por elas próprias, muitas vezes em clivagem com a realidade comum.