Uma série para contar a vida de Cesária Évora

Está em preparação uma série de oito episódios, criada por Hugo Diogo, sobre a lendária cantora cabo-verdiana desaparecida em 2011. Se tudo correr bem, a rodagem começa em Março de 2022.

Foto
Cesária Évora (1941-2011) Daniel Rocha

Eliana Rosa Lopes, actriz cabo-verdiana, vai ser Cesária Évora numa série de oito episódios que está agora em preparação. A ideia, se tudo correr bem, é a rodagem, repartida entre Cabo Verde, Lisboa e França, sítios por onde passou a lendária cantora cabo-verdiana desaparecida em 2011, iniciar-se em Março do próximo ano.

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Eliana Rosa Lopes, actriz cabo-verdiana, vai ser Cesária Évora numa série de oito episódios que está agora em preparação. A ideia, se tudo correr bem, é a rodagem, repartida entre Cabo Verde, Lisboa e França, sítios por onde passou a lendária cantora cabo-verdiana desaparecida em 2011, iniciar-se em Março do próximo ano.

Hugo Diogo, da Lanterna de Pedra Filmes, diz que pensa contar a história da cantora há muitos anos. “É uma figura incontornável da world music e cuja vida passa despercebida a grande parte da população. Foi uma mulher revolucionária, no sentido em que enfrentou ondas do tempo e frentes políticas”, explica ao telefone com o PÚBLICO. “Ela enfrentou inúmeros obstáculos para conseguir levar a música além-fronteiras. Foi muito complicado para uma pessoa com as limitações da Cesária no mundo comercial e visual de hoje singrar apenas com a emoção, a realidade e a verdade que ela tinha na voz. Era isso que ela tinha para dar ao mundo: voz, a magia que transmitia e a realidade que ela encerrava”, continua.

O criador, que fez filmes como Imagens Proibidas e Ladrões de Tuta e Meia, é também o realizador, além de argumentista, de vários episódios, com André Mateus como co-autor. O franco-senegalês Alain Gomis, responsável por Félicité, estará atrás das câmaras em três episódios. Enquanto produtor, Hugo Diogo quer ainda “contratar uma realizadora que possa dar uma toada emocional e uma visão um bocadinho mais feminista”, para fazer dois episódios. A escrita, afirma, parte de entrevistas feitas a pessoas que “passaram muito tempo com ela”, e ainda da biografia escrita pela polaca Elżbieta Sieradzińska, editada este ano. A série será falada maioritariamente em português, mas também em crioulo e francês.

Um biopic em formato de filme, explica, não chegaria para contar esta história. “Uma vida tão complicada como a que ela teve era impossível de resumir numa hora e meia. Ela esteve dez anos em casa, os anos negros, refugiada no álcool, no fumo, nas depressões. Em hora e meia, a emoção não é a mesma, a minha ligação não é a mesma”, resume. Mesmo biopics normais, alega, são algo “um bocado ingrato e inglório e às vezes não resultam”. “Faz-se uma síntese de uma vida tão grande e não há volume, não há uma exploração das emoções, não se sabe onde é que a personagem começa e para onde vai”, continua. O objectivo desta sua série é “ser o mais aproximado possível da realidade que a Cesária viveu”, com a preocupação de “trazer para a produção pessoas que conheceram a realidade dela”.

Hugo Diogo partilha ainda que espera ter episódios completos daqui a um ano, algures em Outubro ou Novembro de 2022. Ainda não há uma casa definitiva para a série. A produção, refere, está ainda “a avaliar, em negociações e a conversar” com canais para “assegurar a melhor continuidade do projecto”. Há, contudo, um sítio ideal em mente: “Gostaríamos, e na minha ideia faz-me sentido, que fosse a RTP a promover e a difundir este projecto”, confessa o produtor da Lanterna de Pedra Filmes.