Ritual e celebração: o corpo social para Sofia Dias e Vítor Roriz

Dando descanso à palavra, a dupla de bailarinos e coreógrafos estreia Escala, no TBA, Lisboa, de 28 a 30 de Outubro. Uma peça assente numa partitura vocal de reencontro com o colectivo, com o toque e com uma dança activada pela voz.

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Joana Linda

O estúdio pode ser um lugar inóspito. Ou assim se pode revelar, segundo Sofia Dias e Vítor Roriz. Uma sala vazia, quase agressivamente ausente de ideias, como se desafiasse quem chega, num tom de sarcasmo, a merecer ocupá-la. “Os estúdios podem ser lugares muito frios e, por vezes, parece que a nossa criatividade se esvai”, confessa o bailarino e coreógrafo. Também por isso, reconhecem os dois, tentam agarrar-se a qualquer coisa, a quaisquer faúlhas que ajudem a inscrever-se no espaço de criação e operá-lo como tal. Como se antes de poderem começar a criar uma peça, de facto, tivessem de convencer o espaço de que têm material que justifica a sua permanência ali, dia após dia. Só depois se insinua “uma vontade própria do corpo de querer fazer algumas coisas — e dessa vontade começam a surgir materiais”. Nessa altura, as pistas a que inicialmente se tinham agarrado deixam de ter qualquer importância. Ajudaram ao impulso de base, serviram de chão para os primeiros passos, mas acabam por cair como folhas caducas.