Clarice Lispector como espelho para Rita Calçada Bastos se resolver

Desta segunda-feira e até dia 24 de Outubro, a criadora leva ao Teatro São Luiz a segunda parte da sua trilogia dedicada a questionar-se através de outras figuras. Eu Sou Clarice inspira-se na escritora brasileira Clarice Lispector e projecta-se na sua vida e obra.

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Clarice Lispector tinha duas irmãs, Tânia e Elisa, ambas também com queda para organizar as palavras e transformá-las em literatura. Elisa, em particular, adquiriu alguma notoriedade, graças a um registo em que enxertava com frequência elementos autobiográficos nos seus romances e contos. Rita Calçada Bastos não conhecia esta extensão familiar da veia literária na família Lispector, mas espantou-se quando, ao ler a biografia Clarice: Uma Vida que se Conta, de Nádia Gotlib, se cruzou com a revelação de que em No Exílio, livro em que Elisa relata a chegada dos Lispector ao Brasil, em fuga da sua Ucrânia natal, Clarice aparece rebaptizada como Nina. Ora Rita Calçada Bastos, a preparar a segunda escala da sua trilogia em que se pensa através de outras figuras (ficcionais ou reais) — e que arrancou há um ano com o espectáculo Se Eu Fosse Nina (projectando-se na Nina de A Gaivota, criada por Tchékhov —, ainda não sabia disto quando dizia para si mesma que a toda a hora encontrava Nina nas páginas de Clarice Lispector, identificando uma com a outra e descortinando “linhas de pensamento” coincidentes. Ao perceber que Elisa nomeara a sua irmã ficcionada como Nina, Rita viu nisso um sinal. Um sinal de que estaria no caminho certo.

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Clarice Lispector tinha duas irmãs, Tânia e Elisa, ambas também com queda para organizar as palavras e transformá-las em literatura. Elisa, em particular, adquiriu alguma notoriedade, graças a um registo em que enxertava com frequência elementos autobiográficos nos seus romances e contos. Rita Calçada Bastos não conhecia esta extensão familiar da veia literária na família Lispector, mas espantou-se quando, ao ler a biografia Clarice: Uma Vida que se Conta, de Nádia Gotlib, se cruzou com a revelação de que em No Exílio, livro em que Elisa relata a chegada dos Lispector ao Brasil, em fuga da sua Ucrânia natal, Clarice aparece rebaptizada como Nina. Ora Rita Calçada Bastos, a preparar a segunda escala da sua trilogia em que se pensa através de outras figuras (ficcionais ou reais) — e que arrancou há um ano com o espectáculo Se Eu Fosse Nina (projectando-se na Nina de A Gaivota, criada por Tchékhov —, ainda não sabia disto quando dizia para si mesma que a toda a hora encontrava Nina nas páginas de Clarice Lispector, identificando uma com a outra e descortinando “linhas de pensamento” coincidentes. Ao perceber que Elisa nomeara a sua irmã ficcionada como Nina, Rita viu nisso um sinal. Um sinal de que estaria no caminho certo.