A Bela e o Mal

Foto
Pascal Le Segretain/Getty Images

A edição deste mês da revista Cahiers du Cinéma tem das capas muito bonitas da sua história. A imagem reenquadrada pertence ao filme France, de Bruno Dumont (estreia por cá no dia 30) e destaca a entrevista de seis páginas com a actriz Léa Seydoux, que este ano foi figura omnipresente (mesmo tendo cancelado a sua deslocação por testar positivo à covid-19) no Festival de Cannes, com os quatro filmes ali mostrados em que participou: além do Dumont, Tromperie (do francês Arnaud Desplechin), The French Dispatch (do americano Wes Anderson) e L’Histoire de ma femme (da húngara Ildikó Enyedi). Léa Seydoux não dá uma única resposta desinteressante, mas retive esta subtil descrição do que pode constituir o trabalho do actor: “Isabelle Huppert disse que interpretar não consiste apenas em acrescentar, mas também subtrair. Isto é fundamental para que o espectador faça o seu percurso em direcção ao filme. A Gioconda parece-me ser o exemplo perfeito, é uma imagem de tal modo enigmática que cada um projecta nela os seus desejos. Tenho uma abordagem idêntica à representação: não é tanto aquilo que dou que me interessa como o que possam projectar em mim, da ordem dos desejos ou dos pensamentos.” A pergunta era sobre os momentos em que a personagem France de Meurs parece olhar o vazio ou mostra para a câmara um olhar “inexpressivo”, significando as dúvidas da personagem sobre si mesma.

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A edição deste mês da revista Cahiers du Cinéma tem das capas muito bonitas da sua história. A imagem reenquadrada pertence ao filme France, de Bruno Dumont (estreia por cá no dia 30) e destaca a entrevista de seis páginas com a actriz Léa Seydoux, que este ano foi figura omnipresente (mesmo tendo cancelado a sua deslocação por testar positivo à covid-19) no Festival de Cannes, com os quatro filmes ali mostrados em que participou: além do Dumont, Tromperie (do francês Arnaud Desplechin), The French Dispatch (do americano Wes Anderson) e L’Histoire de ma femme (da húngara Ildikó Enyedi). Léa Seydoux não dá uma única resposta desinteressante, mas retive esta subtil descrição do que pode constituir o trabalho do actor: “Isabelle Huppert disse que interpretar não consiste apenas em acrescentar, mas também subtrair. Isto é fundamental para que o espectador faça o seu percurso em direcção ao filme. A Gioconda parece-me ser o exemplo perfeito, é uma imagem de tal modo enigmática que cada um projecta nela os seus desejos. Tenho uma abordagem idêntica à representação: não é tanto aquilo que dou que me interessa como o que possam projectar em mim, da ordem dos desejos ou dos pensamentos.” A pergunta era sobre os momentos em que a personagem France de Meurs parece olhar o vazio ou mostra para a câmara um olhar “inexpressivo”, significando as dúvidas da personagem sobre si mesma.