O Leão de Ouro de Veneza 2021 é para L’Événement, de Audrey Diwan

Ao premiar Audrey Diwan (Leão de Ouro), Jane Campion (melhor realizadora) e Maggie Gyllenhall (melhor argumento), o palmarés explicita uma aliança ou uma passagem de testemunho: as “verdades escondidas” do mundo feminino.

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L'Événement, de Audrey Diwan, acaba de causar surpresa em Veneza: é o Leão de Ouro da 78.ª edição do festival. Audrey Diwan, a realizadora francesa de origem libanesa, começa por concretizar, com esta sua segunda obra, um filme de época — é a França dos anos 60 — com uma concisão e um sentido de abstracção que são de invejar, fazendo explodir os constrangimentos da reconstituição. Depois, fazendo explodir também “o tema”, o aborto — uma estudante fica grávida, a interrupção voluntária da gravidez é proibida —, tratando-o como experiência física. Faz sentido que tenha chamado ao palco a sua actriz, Anamaria Vartolomei, dizendo-lhe mais ou menos isto: “Tu não és a intérprete do filme, tu és o filme”. Como aqui tínhamos escrito, L'Événement é um filme de corpos.

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L'Événement, de Audrey Diwan, acaba de causar surpresa em Veneza: é o Leão de Ouro da 78.ª edição do festival. Audrey Diwan, a realizadora francesa de origem libanesa, começa por concretizar, com esta sua segunda obra, um filme de época — é a França dos anos 60 — com uma concisão e um sentido de abstracção que são de invejar, fazendo explodir os constrangimentos da reconstituição. Depois, fazendo explodir também “o tema”, o aborto — uma estudante fica grávida, a interrupção voluntária da gravidez é proibida —, tratando-o como experiência física. Faz sentido que tenha chamado ao palco a sua actriz, Anamaria Vartolomei, dizendo-lhe mais ou menos isto: “Tu não és a intérprete do filme, tu és o filme”. Como aqui tínhamos escrito, L'Événement é um filme de corpos.