China contra a imposição de sanções aos taliban

Pequim manteve aberta a sua embaixada em Cabul e procurou manter boas relações com os taliban. A França pode deixar o Afeganistão já na quinta-feira, se os EUA se retirarem a 31 de Agosto.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e o líder do gabinete político dos taliban, Mullah Abdul Ghani Baradar, reuniram-se no final de Julho XINHUA/Reuters

A China disse esta terça-feira que a comunidade internacional deve apoiar oportunidades para desenvolvimentos positivos no Afeganistão, em vez de impor sanções aos taliban.

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A China disse esta terça-feira que a comunidade internacional deve apoiar oportunidades para desenvolvimentos positivos no Afeganistão, em vez de impor sanções aos taliban.

“A comunidade internacional deve encorajar e promover o desenvolvimento da situação no Afeganistão numa direcção positiva, apoiar a reconstrução pacífica, melhorar o bem-estar das pessoas e aumentar a sua capacidade de desenvolvimento independente”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, aos jornalistas, em conferência de imprensa.

“Impor sanções e pressão a cada passo não resolve o problema e é contraproducente”, disse Wang.

A China, que compartilha fronteira com o Afeganistão, aproveitou o caos no aeroporto de Cabul para redobrar as suas críticas à intervenção dos EUA no país, particularmente a tentativa de instalar uma democracia ao estilo ocidental.

Pequim manteve aberta a sua embaixada em Cabul e procurou manter boas relações com os taliban.

França pode sair na quinta-feira

A França terminará na quinta-feira as operações em Cabul se os Estados Unidos saírem do Afeganistão em 31 de Agosto, como previsto, disse esta terça-feira o chefe do gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros francês.

Se os EUA mantiverem o objectivo de uma retirada total em 31 de Agosto, “para nós, em termos de “planeamento antecipado”, isso significa que a nossa operação termina na noite de quinta-feira. Portanto, ainda temos três dias”, explicou Nicolas Roche ao primeiro-ministro, Jean Castex, na presença de jornalistas, segundo a agência AFP.

A observação foi feita durante uma visita de Jean Castex ao Centro de Crise e Apoio (CDCS) do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

O governo de Paris identificou 62 cidadãos franceses ainda por retirar do Afeganistão e um grande número de afegãos solicitou ajuda para sair do país, que as autoridades estão a examinar, acrescentou a AFP.

Os taliban disseram na segunda-feira que 31 de Agosto é a “linha vermelha” para a retirada das tropas dos Estados Unidos, como estava inicialmente previsto, e que um adiamento terá consequências.

Os líderes do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) reúnem-se esta terça-feira de emergência para discutir a situação no Afeganistão, onde milhares de afegãos continuam a querer fugir dos taliban.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, participam na cimeira extraordinária do G7.

O Reino Unido indicou que pretende solicitar aos Estados Unidos que prolonguem a operação em Cabul, mas o secretário da Defesa britânico, Ben Wallace, admitiu nesta terça-feira ser improvável que essa operação possa continuar depois de 31 de Agosto.

“Acho improvável, não apenas devido ao que os talibãs disseram, mas [também] tendo em conta as declarações públicas do presidente [Joe] Biden”, disse Ben Wallace, na cadeia televisiva Sky News, a poucas horas do início da reunião virtual do G7, agendada para as 14:30.

Wallace já tinha admitido na segunda-feira que a operação em Cabul deve ser agora medida “por horas, e não por semanas”, dado que depende da estrutura de segurança que as forças norte-americanas têm no terreno.

"Quando eles [EUA] se retirarem, levarão a estrutura...e nós teremos de partir também”, disse Wallace.