Desenhos da memória e do desaparecimento

Mnemosina de André Coelho leva o leitor, pelo desenho e o texto, a uma meditação sobre a memória e a extinção da humanidade.

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Recorrendo à literatura e à palavra escrita, libertando o desenho sobre as páginas duplas, André Coelho compõe paisagens e abismos para os quais vai conduzindo o leitor

Mnemosina de André Soares (Porto, 1984) é um objecto arredio a classificações. Banda desenhada, projecto gráfico, ensaio visual, álbum de artista? O termo que melhor se lhe adequa talvez seja, afinal, o mais singelo: livro. Autor nos campos da música, da ilustração e da banda desenhada, André Coelho (Porto, 1984) aprofunda e expande nas suas 176 páginas uma disposição que já se manifestara em livros anteriores: a de pensar ideias e experiências transhistóricas pelo meio da experimentação visual e narrativa. Em Mnemosina, organizado em quatro capítulos, dir-se-ia que essa disposição ganha outro escopo e outro fôlego. Recorrendo à literatura e à palavra escrita, libertando o desenho sobre as páginas duplas, André Coelho compõe paisagens e abismos para os quais vai conduzindo o leitor. É pertinente falar de uma experiência sensorial, imersiva — proporcionada pelo objecto — que não se reduz aos seus efeitos. As citações de T.S. Eliot, de Andrei Tarkovsky, Walter Benjamin, Tierno Bokar, entre outros autores, que amiúde vão aparecendo, permitem alumiar o caminho traçado pelo desenho a tinta-da-china. A sua poética, pese embora as alusões ao sublime e ao incomensurável, permanece humana, ou não se debruçasse sobre a memória e o tempo histórico.

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Mnemosina de André Soares (Porto, 1984) é um objecto arredio a classificações. Banda desenhada, projecto gráfico, ensaio visual, álbum de artista? O termo que melhor se lhe adequa talvez seja, afinal, o mais singelo: livro. Autor nos campos da música, da ilustração e da banda desenhada, André Coelho (Porto, 1984) aprofunda e expande nas suas 176 páginas uma disposição que já se manifestara em livros anteriores: a de pensar ideias e experiências transhistóricas pelo meio da experimentação visual e narrativa. Em Mnemosina, organizado em quatro capítulos, dir-se-ia que essa disposição ganha outro escopo e outro fôlego. Recorrendo à literatura e à palavra escrita, libertando o desenho sobre as páginas duplas, André Coelho compõe paisagens e abismos para os quais vai conduzindo o leitor. É pertinente falar de uma experiência sensorial, imersiva — proporcionada pelo objecto — que não se reduz aos seus efeitos. As citações de T.S. Eliot, de Andrei Tarkovsky, Walter Benjamin, Tierno Bokar, entre outros autores, que amiúde vão aparecendo, permitem alumiar o caminho traçado pelo desenho a tinta-da-china. A sua poética, pese embora as alusões ao sublime e ao incomensurável, permanece humana, ou não se debruçasse sobre a memória e o tempo histórico.