Europeus compraram 1,6 vezes mais carros electrificados do que diesel

No primeiro semestre, foram matriculados 1,164 milhões a gasóleo e 1,812 milhões de electrificados nos países da União Europeia.

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Simon Dawson (arquivo)

O panorama de venda de carros na União Europeia mudou radicalmente em apenas dois anos. No primeiro semestre de 2019, venderam-se 596 mil veículos electrificados e 7,3 milhões com motor de combustão interna. Vinte e quatro meses depois, no primeiro semestre de 2021 foram 1,812 milhões de electrificados e 3,413 milhões diesel e gasolina.

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O panorama de venda de carros na União Europeia mudou radicalmente em apenas dois anos. No primeiro semestre de 2019, venderam-se 596 mil veículos electrificados e 7,3 milhões com motor de combustão interna. Vinte e quatro meses depois, no primeiro semestre de 2021 foram 1,812 milhões de electrificados e 3,413 milhões diesel e gasolina.

Seja sob que prisma for, o avanço da mobilidade eléctrica é notório - e a quebra de vendas nos carros movidos a combustíveis fósseis no pós-pandemia continua a ser indisfarçável.

Comparando a primeira metade deste ano com a de 2019 (dado que 2020 apresenta uma grande distorção devido à primeira vaga da pandemia), o número de carros com bateria eléctrica (BEV) multiplicou-se por 2,8, o dos híbridos plug-in (PHEV, recarregáveis) aumentou 6,1 vezes e o dos híbridos convencionais (HEV, sem ficha de carregamento) multiplica por 2,5.

Já o dos motores a gasolina e a gasóleo caem para menos de metade em ambos os casos. E pela primeira vez a soma dos BEV, PHEV e HEV ultrapassa largamente os novos carros diesel: nestes seis meses de Janeiro a Junho, os europeus compraram mais 1,5 vezes carros electrificados do que a gasóleo.

Em Portugal, esta proporção foi quase semelhante, ainda que ligeiramente abaixo dos valores da UE. Por cada carro a gasóleo venderam-se 1,2 carros electrificados. Uma maneira menos estatística e mais real de ver a realidade é que os portugueses compraram no primeiro semestre 23.077 electrificados para 19.103 carros diesel.

Tanto no europeu como nacional, a compra de híbridos plug-in é a que regista a subida mais acentuada. Mas olhando para os valores absolutos em vez de comparar as taxas de crescimento, o que se nota é que a venda de HEV (que têm estado sob escrutínio de autoridades e ambientalistas por alegadamente serem menos limpos do que dizem os fabricantes) é a que está mais próxima de ultrapassar qualquer um dos segmentos tradicionais de motores de combustão interna.

Na UE, foram vendidos 1,01 milhões de HEV entre Janeiro e Junho, a 150 mil unidades de distância dos carros a gasóleo.

Estes dados, publicados nesta sexta-feira pela Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA), que reúne os 15 maiores fabricantes na Europa, sugerem outra coisa: a preferência dos consumidores não se transfere do combustível fóssil directamente para a mobilidade 100% eléctrica, preferindo antes a solução intermédia dos híbridos.

Talvez isso esteja relacionado com o preço, mas sobretudo com as autonomias e, em especial, com os buracos da rede de carregamento eléctrica, que avança na UE a duas velocidades, com três países bastante à frente (Holanda, Alemanha e França) e tudo o resto muito atrasado. 

Com medo de ficarem pelo caminho, quem investe na mobilidade eléctrica prefere mudar para já para modelos que também funcionam a combustível fóssil quando a bateria está descarregada. Outra hipótese para esta tendência é a própria oferta dos fabricantes, que continuam a apostar bastante nos híbridos, a influenciar a evolução do mercado.

Em termos europeus, a quota de mercado dos eléctricos, no final do primeiro semestre de 2021, é de 33,9% (16,4% em 2020), a do diesel é 21,7% (29,7% há um ano) e a gasolina é de 42% (52,1% em 2020). As outras energias alternativas, incluindo o Gás Natural, valem hoje 2,5% do mercado.

Dentro dos electrificados, os HEV são a maior fatia (18,9%), os PHEV têm 8,3% e os BEV são 6,7%. Há um ano eram 9,5%, 3,3% e 3,6%, respectivamente.