Família de José Mário Branco cede espólio à Universidade Nova e prepara fundação

Um acervo de centenas de documentos, gravações, fotografias, discos e outros objectos, testemunho da criação musical e da actividade política de José Mário Branco (1942-2019), vai ser gerido por uma comissão científica liderada pela investigadora Salwa Castelo-Branco.

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O espólio do músico José Mário Branco, que morreu em Novembro de 2019, aos 77 anos, vai ser organizado e catalogado pela Universidade Nova de Lisboa, disse à agência Lusa um dos filhos do compositor, Pedro Branco, acrescentando que o projecto é que todo esse património venha a ser gerido, no futuro, por uma fundação que a família está a tentar criar para esse efeito.

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O espólio do músico José Mário Branco, que morreu em Novembro de 2019, aos 77 anos, vai ser organizado e catalogado pela Universidade Nova de Lisboa, disse à agência Lusa um dos filhos do compositor, Pedro Branco, acrescentando que o projecto é que todo esse património venha a ser gerido, no futuro, por uma fundação que a família está a tentar criar para esse efeito.

Esta semana, a família do “cantautor” assinou com a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa um protocolo de cedência do espólio de José Mário Branco, que prevê a organização e catalogação de centenas de documentos, gravações, fotografias, discos e outros objectos.

Este protocolo cria ainda o Centro de Estudos e Documentação José Mário Branco  Música e Liberdade, e o espólio será gerido e estudado por uma comissão científica liderada pela investigadora Salwa Castelo-Branco.

Pedro Branco explicou que este acordo dá seguimento ao trabalho que José Mário Branco tinha encetado há alguns anos com o Instituto de Etnomusicologia  Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md) e com o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM), daquela universidade, visando a identificação e catalogação da sua obra escrita e musical.

“Têm feito um trabalho espectacular de recolha de material”, incluindo coisas que o próprio músico desconhecia, e o protocolo agora assinado “vem legitimar a continuidade desse trabalho”, diz Pedro Branco. “O que estão a fazer é organizar tudo à medida que vão descobrindo mais coisas em Portugal e no estrangeiro”.

Questionado sobre o que ficará à guarda da FCSH, Pedro Branco explica que ficará tudo, “toda a actividade artística e política” que o pai tinha, incluindo o trabalho com outros músicos, artistas e intervenientes.

O trabalho de catalogação que tem sido feito pelo CESEM está acessível on line e resulta da digitalização de mais de um milhar de documentos, como partituras, cartas, letras de canções, material de trabalho e fotografias.

Ao trabalho com o INET-md deve-se a edição, em 2018, de um duplo álbum com materiais inéditos e raridades de José Mário Branco, gravados entre 1967 e 1999.

Pedro Branco explica que estão a tentar cumprir a vontade de José Mário Branco de que fosse criada uma fundação para gerir todo este património, que “no fundo não é da família”. Mas esta “assume a sua gestão enquanto a fundação não estiver feita”, acrescenta. “Foi uma vontade do nosso pai: a ideia de criar este espólio é que depois fique disponível para todos, para o que for preciso, para outros investigadores, para particulares”.

A comissão científica da FCSH que tratará a obra do “cantautor” português, que foi um dos nomes mais importantes da música portuguesa da segunda metade do século XX, contará com investigadores do INET-md e do CESEM e ainda com um investigador nomeado pela família.