Objectos destinados a vencer

Uma regra de prudência e de reflexão auto-crítica convida-me a uma prévia advertência: este texto cai na armadilha que ele próprio pretende nomear e analisar. O objecto armadilhado é um livro do jornalista José Gomes Ferreira intitulado Factos Escondidos da História de Portugal. Nem precisamos de avançar para além do título — igual a tantos outros animados pela mesma intenção — para percebermos que se trata de matéria fraudulenta. Noutro tempo, não muito afastado do nosso, este livro existiria apenas no seu lugar próprio, não conseguiria transpor o seu território e suscitar qualquer olhar — muito menos um discurso crítico de denúncia — por parte de historiadores e gente da ciência e da crítica. Ainda mais: à sua volta, os colegas do autor ergueriam à volta do livro um cerco para defenderem o seu capital mais preciso, o prestígio e a credibilidade. Ora, hoje, tal livro consegue mobilizar os esforços críticos de historiadores (neste jornal, Rui Tavares dedicou-lhe uma crónica no dia 2 de Junho), mobiliza notas de divulgação crítica nas páginas dos jornais “de referência” (como se diz actualmente), e aqui estou eu, em flagrante contradição, a dissertar sobre as suas manifestações sintomáticas e de tudo o que o rodeia.

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Uma regra de prudência e de reflexão auto-crítica convida-me a uma prévia advertência: este texto cai na armadilha que ele próprio pretende nomear e analisar. O objecto armadilhado é um livro do jornalista José Gomes Ferreira intitulado Factos Escondidos da História de Portugal. Nem precisamos de avançar para além do título — igual a tantos outros animados pela mesma intenção — para percebermos que se trata de matéria fraudulenta. Noutro tempo, não muito afastado do nosso, este livro existiria apenas no seu lugar próprio, não conseguiria transpor o seu território e suscitar qualquer olhar — muito menos um discurso crítico de denúncia — por parte de historiadores e gente da ciência e da crítica. Ainda mais: à sua volta, os colegas do autor ergueriam à volta do livro um cerco para defenderem o seu capital mais preciso, o prestígio e a credibilidade. Ora, hoje, tal livro consegue mobilizar os esforços críticos de historiadores (neste jornal, Rui Tavares dedicou-lhe uma crónica no dia 2 de Junho), mobiliza notas de divulgação crítica nas páginas dos jornais “de referência” (como se diz actualmente), e aqui estou eu, em flagrante contradição, a dissertar sobre as suas manifestações sintomáticas e de tudo o que o rodeia.