Contemplação da vida

Joana M. Lopes confirma o que deixava adivinhar no livro anterior: a plasticidade dos modos de narrar, e um léxico pouco comum.

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Rui Ferreira

Animadora cultural, pintora, e autora de vários livros infanto-juvenis, Joana M. Lopes (n. 1984) estreou-se no romance com A Vida de Um Homem Que Perseguia Poemas (Alêtheia, 2018), história que tem o mundo rural como cenário. Sem ceder ao facilitismo de uma linguagem “folclórica” — que costuma surgir em livros que tentam retratar uma suposta ruralidade que roça o idílico, por isso caindo facilmente num bucolismo tonto e romantizado — Joana M. Lopes sabe que o mundo rural pode ser violento, é um mundo onde tudo está mais perto do sangue. E, por oposição, mostra a crueza desse mundo usando por vezes uma linguagem poética, muito própria, em que os sonhos e os desejos servem de contraponto.No seu segundo romance, A Chama de Adrião Blávio, a autora continua a manobrar com destreza esse imaginário onírico (já não tão telúrico), que facilmente se desprende da realidade, e quase reduz o cenário ao interior de um quarto de hospital; no entanto, esse imaginário de feição rural, violento, continua vivo em algumas metáforas. Se no primeiro romance se notava ainda como a linguagem e a destreza narrativa iam ganhando fôlego ao longo do livro, neste tudo aparece em força logo desde o começo.

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Animadora cultural, pintora, e autora de vários livros infanto-juvenis, Joana M. Lopes (n. 1984) estreou-se no romance com A Vida de Um Homem Que Perseguia Poemas (Alêtheia, 2018), história que tem o mundo rural como cenário. Sem ceder ao facilitismo de uma linguagem “folclórica” — que costuma surgir em livros que tentam retratar uma suposta ruralidade que roça o idílico, por isso caindo facilmente num bucolismo tonto e romantizado — Joana M. Lopes sabe que o mundo rural pode ser violento, é um mundo onde tudo está mais perto do sangue. E, por oposição, mostra a crueza desse mundo usando por vezes uma linguagem poética, muito própria, em que os sonhos e os desejos servem de contraponto.No seu segundo romance, A Chama de Adrião Blávio, a autora continua a manobrar com destreza esse imaginário onírico (já não tão telúrico), que facilmente se desprende da realidade, e quase reduz o cenário ao interior de um quarto de hospital; no entanto, esse imaginário de feição rural, violento, continua vivo em algumas metáforas. Se no primeiro romance se notava ainda como a linguagem e a destreza narrativa iam ganhando fôlego ao longo do livro, neste tudo aparece em força logo desde o começo.