Oh as casas as casas as casas

Um artigo recente neste jornal, assinado por Luísa Pinto, dizia-nos logo no título que “o ciclo de descida das rendas está a chegar ao fim por falta de casas”. Nesse artigo, fala-se muito da classe média (todos os caminhos vão dar a ela) e usa-se uma curiosa metáfora líquida: “inundar o mercado” de casas. Só nessa condição, dizem os agentes do imobiliário, seria possível descer o preço das rendas das casas. Eloquente metáfora, essa, que liquefaz o que há de mais concreto: o betão armado (em inglês, “betão” diz-se “concrete”). Eis uma esplendorosa sublimação — simultaneamente estética, física e psicológica — do cimento, que nos põe a recitar um poema de Ruy Belo: “Oh as casas as casas as casas”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Um artigo recente neste jornal, assinado por Luísa Pinto, dizia-nos logo no título que “o ciclo de descida das rendas está a chegar ao fim por falta de casas”. Nesse artigo, fala-se muito da classe média (todos os caminhos vão dar a ela) e usa-se uma curiosa metáfora líquida: “inundar o mercado” de casas. Só nessa condição, dizem os agentes do imobiliário, seria possível descer o preço das rendas das casas. Eloquente metáfora, essa, que liquefaz o que há de mais concreto: o betão armado (em inglês, “betão” diz-se “concrete”). Eis uma esplendorosa sublimação — simultaneamente estética, física e psicológica — do cimento, que nos põe a recitar um poema de Ruy Belo: “Oh as casas as casas as casas”.