Partido de Macron impede candidata muçulmana de concorrer a eleição local por usar hijab

Secretário-geral da República em Marcha, Stanislas Guerini, diz que “os valores” do LREM “não são compatíveis com o uso de símbolos religiosos ostentosos”.

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República em Marcha, fundado pelo Presidente francês Emmanuel Macron, é criticado por tentar cativar eleitores da extrema-direita para as eleições presidenciais YOAN VALAT/LUSA

O partido do Presidente francês, Emmanuel Macron, baniu a candidata muçulmana Sara Zemmahi de concorrer nas eleições regionais no município de Montpellier, depois de ter sido fotografada com um hijab (véu islâmico que cobre o cabelo) para um panfleto da campanhaonde se lia “Diferentes, mas unidos por si”. A medida abre mais uma fissura dentro da República em Marcha (LREM, na sigla francesa), a menos de um ano das eleições presidenciais cujas previsões apontam para um embate a dois entre Macron e Marine Le Pen.

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O partido do Presidente francês, Emmanuel Macron, baniu a candidata muçulmana Sara Zemmahi de concorrer nas eleições regionais no município de Montpellier, depois de ter sido fotografada com um hijab (véu islâmico que cobre o cabelo) para um panfleto da campanhaonde se lia “Diferentes, mas unidos por si”. A medida abre mais uma fissura dentro da República em Marcha (LREM, na sigla francesa), a menos de um ano das eleições presidenciais cujas previsões apontam para um embate a dois entre Macron e Marine Le Pen.

A polémica surgiu com uma publicação no Twitter do número dois do partido de Marine Le Pen, Jordan Bardella. “É esta a luta contra o separatismo?”, questionou, dirigindo-se à ministra da Cidadania, Marlène Schiappa.

Em resposta a Bardella, o secretário-geral do partido, Stanislas Guerini, referiu no Twitter que “os valores” do LREM “não são compatíveis com o uso de símbolos religiosos ostentosos num documento da campanha eleitoral”Por isso, “ou os candidatos alteram as fotos, ou o LREM retira o seu apoio”, continuou. Confirmando a sua posição, Guerini afirmou que Zemmahi “não será candidata do República em Marcha”, disse numa entrevista à emissora francesa RTL. 

Apesar de a lei francesa não proibir o uso do hijab ou de outros símbolos religiosos em imagens de documentos de campanha, a polémica ilustra a divisão em torno do lugar do islamismo francês no país.

A medida rapidamente recebeu críticas fora e dentro do partido, por acusações de discriminação e de procurar cativar o eleitorado da extrema-direita. Uma das deputadas do LREM, Carolina Janvier, criticou no Twitter a postura “indigna” e salientou que “correr atrás de votos (da extrema-direita) apenas permite que as suas ideias prevaleçam.”

Já outro deputado do partido, Ronald Lescure, disse à Reuters que o assunto é “explosivo": “O islão político é uma realidade latente em alguns bairros e temos de ser muito firmes”.

Macron tem alertado para o perigo crescente do “separatismo no islão”, especialmente pela ameaça de atentados, para a unidade e valores principais da república. Nesse sentido, têm sido propostas leis para lutar contra o separatismo no islão, pela defesa da laicidade e pelo reforço da segurança.

No entanto, vários observadores acreditam que o objectivo desta estratégia é outro: conquistar votos da extrema-direita para as próximas eleições presidenciais, no próximo ano, onde se espera um novo confronto com a candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen.