Aliados de Navalny detidos em dia de protestos e de discurso de Putin

Estão previstas manifestações em mais de 100 cidades da Rússia, apesar da proibição das autoridades. Presidente russo faz esta quarta-feira o seu discurso anual à nação.

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Segurança máxima no centro de Moscovo SHAMIL ZHUMATOV/Reuters

Dois dos aliados mais próximos de Alexei Navalny foram detidos esta quarta-feira, revelaram os seus advogados, no início de um dia em que estão agendadas manifestações de apoio à detenção do opositor político e de protesto contra Vladimir Putin, que faz o seu discurso anual à nação russa.

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Dois dos aliados mais próximos de Alexei Navalny foram detidos esta quarta-feira, revelaram os seus advogados, no início de um dia em que estão agendadas manifestações de apoio à detenção do opositor político e de protesto contra Vladimir Putin, que faz o seu discurso anual à nação russa.

Lyubov Sobol, uma dos rostos do popular canal de YouTube de Navalny, e Kira Yarmysh, sua porta-voz, foram ambos detidos em Moscovo.

Navalny encontra-se gravemente doente na prisão, depois de uma greve de fome de três semanas. A sua equipa pediu aos russos de todo país que saiam esta quarta-feira à rua para exigir um tratamento médico adequado para o activista político.

O Governo russo anunciou, no entanto, que os ajuntamentos são ilegais. Anteriores protestos de apoio a Navalny foram fortemente reprimidos pela polícia, que efectuou milhares de detenções.

Segundo o grupo de media independente e pró-direitos humanos OVD-Info, pelo menos dez activistas e opositores políticos foram detidos, em várias regiões da Rússia, no âmbito da preparação das manifestações desta quarta-feira.

A polícia fez rusgas nas habitações de apoiantes de Navalny em São Petersburgo, Krasnoyasrk e Ecaterimburgo. O apartamento de um jornalista de São Petersburgo também foi alvo de uma operação policial.

“Como de costume, eles [o Governo] acreditam que se isolarem os líderes não haverá quaisquer protestos. É óbvio que isso está errado”, reagiu Leonid Volkov, outro aliado próximo de Navalny.

Ruslan Shaveddinov, também da oposição, tweetou: “Estão neste momento a prender potenciais manifestantes por toda a Rússia. Isto é repressão. Não é aceitável. Temos de combater esta escuridão. 

Putin, Navalny e o Ocidente

Putin, que fará questão de nunca referir o nome de Navalny, revelou que o seu discurso para ambas as câmaras do Parlamento se vai focar em projectos para revitalizar uma economia atingida por sanções internacionais, pela queda do preço do petróleo e pela pandemia do coronavírus.

O Presidente russo também deverá falar sobre a profunda crise nas relações entre a Rússia e o Ocidente, incluindo a mobilização de dezenas de milhares de solados para a fronteira com a vizinha Ucrânia.

Os Estados Unidos endureceram recentemente as sanções à Rússia, acusando-a de ter pirateado computadores do Governo e interferido nas eleições presidenciais de 2o2o, e a República Checa afirmou que Moscovo esteve envolvida nas explosões numa armazém de armas no país, em 2014.

Ambos os países expulsaram diplomatas russos, tal como a Bulgária e a Polónia. A Rússia nega, no entanto, todas as acusações, e respondeu da mesma moeda, expulsando diplomatas.

As primeiras manifestações contra Putin e a favor de Navalny vão começar em Vladivostok, no extremo-Oriente, iniciando uma onda de protestos por todo o país.

A equipa de Navalny diz que os protestos vão ter lugar em mais de 100 cidades e vilas, incluindo na praça mais próxima do local onde Putin vai fazer o seu discurso.

O opositor político – que sobreviveu a um envenenamento com um agente nervoso no ano passado, no qual a Rússia nega ter tido qualquer envolvimento – foi condenado em Fevereiro a dois anos e meio de prisão por violações de liberdade condicional num caso que Navalny diz ter motivações políticas.

O activista iniciou uma greve de fome no dia 31 de Março, por causa da recusa das autoridades prisionais em lhe oferecer tratamento adequado para um problema de saúde numa perna e nas costas. As autoridades dizem, porém, que recebeu tratamento médico normal.