Eis a tinta “mais branca” que se conhece – e é bem refrescante

A equipa de cientistas que desenvolveu a nova tinta diz que a técnica usada para a criar é compatível com o processo de fabrico de tintas comerciais.

Foto
Xiulin Ruan mostra a nova tinta JARED PIKE/Universidade de Purdue

Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos diz ter criado a tinta “mais branca” que se conhece. E o que interessa aqui não é só a cor, mas o que vem com ela: o grupo refere que se edifícios forem pintados com ela podem ficar frescos o suficiente para se reduzir o uso de ar condicionado.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos diz ter criado a tinta “mais branca” que se conhece. E o que interessa aqui não é só a cor, mas o que vem com ela: o grupo refere que se edifícios forem pintados com ela podem ficar frescos o suficiente para se reduzir o uso de ar condicionado.

No ano passado, uma equipa liderada por Xiulin Ruan, da Universidade de Purdue (nos Estados Unidos) tinha revelado o desenvolvimento de uma tinta branca que tornava as superfícies mais frias. Agora, dizem que criaram uma nova tinta ainda é mais branca e que mantém as superfícies mais frias. A apresentação é feita na revista científica ACS Applied Materials & Interfaces.

Afinal, que tinta tão branca é esta? Enquanto na antiga formulação da equipa a tinta nas superfícies reflectia 95,5% da luz do Sol, a nova tinta reflecte 98,1%. Desta forma, “desvia” o calor da radiação infravermelha das superfícies. Em comunicado, a equipa esclarece ainda que as tintas brancas à venda reflectem entre 80 e 90% da luz solar.

Há sobretudo duas características que tornam a nova tinta tão branca. Primeiro, tem uma elevada concentração de um componente químico chamado “sulfato de bário”, que costuma ser usado (por exemplo) para fazer papel fotográfico. Outra característica é que as dimensões das partículas do sulfato de bário na tinta são muito diferentes e essa maior variedade de partículas com tamanhos diferentes permite à tinta espalhar mais do espectro de luz do Sol.

“Elevadas concentrações de partículas que também são muito diferentes em tamanho dão-nos uma dispersão mais ampla do espectro, o que contribui para uma maior reflexão”, resume no comunicado Joseph Peoples, estudante de engenharia mecânica da Universidade de Purdue que participou neste trabalho. Tudo isto tornou assim a tinta “muitíssimo branca”.

Através de um equipamento designado “termopar”, a equipa conseguiu ainda perceber de que forma a tinta refrescava as superfícies. Viu-se que as deixa 19 graus Fahrenheit (à volta de dez graus Celsius) mais frias do que o ambiente que as envolve à noite. “Se usarmos esta tinta para cobrir uma área de um telhado com cerca de 1000 pés [cerca de 304 metros] quadrados, estimamos que se poderia conseguir uma potência de arrefecimento de dez quilowatts – o que é mais potente do que os ares condicionados centrais usados em muitas casas”, indica Xiulin Ruan.

No comunicado, a equipa refere ainda que esta tinta poderá vir a ser usada no exterior dos edifícios e que a técnica que usaram para a criar é compatível com o processo de fabrico de tintas comerciais.