Cinco séries baseadas em factos reais

Apesar dos enredos quase inverosímeis, estas séries falam de eventos que mudaram o mundo, de homens e mulheres que lutaram contra a tirania e de circunstâncias chocantes em que se viram pessoas reais.

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Chernobyl

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Chernobyl

HBO
Criada por Craig Mazin, esta mini-série debruça-se sobre o desastre nuclear que ocorreu durante a noite de 25 para 26 de Abril de 1986, na central nuclear de Chernobyl, situada a dois quilómetros da cidade de Pripiat (Ucrânia soviética). O primeiro episódio, com o título 1:23:45, marca a hora em que foi accionado o botão de emergência no reactor nuclear número quatro da central, pelo supervisor nocturno Alexander Akimov. Foi o momento zero daquela que viria a tornar-se a maior catástrofe nuclear da história, com nível de gravidade sete, a mais elevada na Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos (INES). A acção prossegue para os dias a seguir ao acidente, quando muitos deram as suas vidas – ou as arriscaram – com o objectivo de conter as consequências devastadoras da explosão que lançou para a atmosfera enormes nuvens de resíduos radioactivos que se foram espalhando pela Europa. Sem o saberem, desde a primeira explosão até serem evacuados, os 50 mil habitantes da cidade de Pripiat estiveram 36 horas a receber radiação. Hoje, estima-se que, só na Ucrânia, pelo menos quatro mil pessoas tenham morrido. A realização é da responsabilidade de Johan Renck, que também trabalhou em The Walking Dead e Bates Motel. O elenco conta com os actores Jared Harris, Stellan Skarsgård, Emily Watson e Sam Troughton. Distinguida com dois Globos de Ouro nas categorias de melhor série e actor secundário (Skarsgård), foi nomeada para 19 Emmys, recebendo dez, entre eles o de melhor mini-série, realização e argumento. Já nos BAFTA, teve 14 nomeações, arrecadando o de melhor mini-série e actor principal (Harris).

O Atentado

RTP1 e RTP Play
“Corria o ano de 1937. António de Oliveira Salazar já erguera as mais sólidas estruturas do Estado Novo. De entre elas, emergia a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado que perseguia quem se opunha à ditadura”. São estas as palavras que apresentam o espectador à história escrita por Francisco Moita Flores e realizada por Jorge Paixão da Costa. Esta série de época, que se apoia em informações do processo oficial do caso, incide sobre o atentado à vida de Salazar, ditador de Portugal, ocorrido pouco depois das dez da manhã do dia 4 de Julho de 1937, quando saía do seu automóvel oficial para assistir à missa, e na consequente caça ao homem. Apesar de Salazar não ter sofrido quaisquer ferimentos, a operação organizada por anarquistas e comunistas foi usada pela máquina de propaganda do Governo, resultando numa glorificação do Estado Novo. A dar vida às personagens estão Tomás Alves, Laura Dutra, Joaquim Nicolau, Gonçalo Botelho, Anabela Moreira, João Craveiro, Diogo Martins e José Pedro Vasconcelos, entre outros.

Inacreditável

Netflix
Criada por Ayelet Waldman, Michael Dinner e Susannah Grant (nomeada para um Óscar pelo argumento de Erin Brockovich), esta série foi baseada no artigo An Unbelievable Story of Rape, escrito por T. Christian Miller e Ken Armstrong, que com ele receberam o Pulitzer. Narra um evento real acontecido a Marie, de 18 anos, que vivia numa residência para jovens em risco quando um homem mascarado entrou durante a noite no seu quarto e a violou. Depois de chamar a polícia, descrever várias vezes o sucedido e ser avaliada no hospital, a investigação foi posta em marcha. Mas, com o decorrer do processo, investigadores e pessoas próximas começaram a duvidar da sua versão. Desacreditada pela polícia, que assumiu que mentira para chamar a atenção, Marie acabou por retirar a queixa. Por causa disso, teve um processo legal contra ela por falsa denúncia. Inacreditável teve quatro nomeações para os Emmys e quatro Globos de Ouro.​

Aos Olhos da Justiça

Netflix
Em Abril de 1989, Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana Jr. e Korey Wise, cinco jovens oriundos do Harlem, em Manhattan, foram acusados de agredirem e violarem Trisha Meili no Central Park. Pressionados a assinar uma confissão (que depois renunciaram), foram posteriormente julgados sem quaisquer evidências físicas que os ligassem ao crime e foram condenados a penas de prisão entre os cinco e os 15 anos. Trisha, que ficara 12 dias em coma depois da brutalidade do ataque, não se recordava do que se passara e não podia servir como testemunha. Em 2001, após os jovens permanecerem na cadeia entre seis e 13 anos e meio, Matias Reyes, condenado a prisão perpétua por violação e homicídio, confessou ter sido o verdadeiro autor do crime. A confissão seria confirmada pelas amostras de ADN recolhidas no local. Os cinco rapazes foram ilibados, mas só em 2014 lhes foram atribuídos os 41 milhões de dólares de indemnização. Estreada em 2019, Aos Olhos da Justiça acompanha “os cinco de Central Park” desde o momento do ataque até 2014, revelando todas as injustiças a que foram sujeitos, muito devido à cor da sua pele. Criada e realizada por Ava DuVernay – realizadora de Selma: A Marcha da Liberdade (2014), Queen Sugar (2016) ou A 13ª Emenda (2016) –, conta com as actuações de Justin Cunningham, Jovan Adepo, Chris Chalk, Jharrel Jerome, Freddy Miyares, Vera Farmiga, John Leguizamo, Niecy Nash, Michael K. Williams, Joshua Jackson, Famke Janssen e Blair Underwood.

The Act

HBO
Criada por Nick Antosca e Michelle Dean para o serviço de streaming Hulu, esta mini-série de oito episódios retrata uma tragédia real em Springfield (Missouri, EUA), em Junho de 2015. A história, contada em dois tempos, centra-se em Gypsy Rose Blanchard, uma jovem que passou a vida confinada a uma cadeira de rodas. A rodeá-la de cuidados esteve Dee Dee, a sua mãe, que obsessivamente a protegeu e infantilizou. À medida que a menina crescia e desejava autonomia, mais complexa se tornava a relação com a progenitora, sempre incapaz de lidar com o facto de se tornar dispensável. Mas a descoberta de segredos mantidos por Dee Dee durante anos vai afastar Gypsy cada vez mais, culminado numa tragédia inevitável. Com a interpretação das personagens de mãe e filha, Patricia Arquette e Joey King foram candidatas a um Screen Actors Guild, um Globo de Ouro e um Emmy. Arquette acabaria por arrecadar o Globo de Ouro e o Emmy.