Joe Biden vai entrar na cimeira europeia para reafirmar interesse na relação transatlântica

Presidente dos Estados Unidos aceitou o convite de Charles Michel para “se ligar” à videoconferência do Conselho Europeu.

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JONATHAN ERNST/Reuters

Os chefes de Estado e de governo da União Europeia vão ter um convidado especial a participar na reunião do Conselho Europeu: o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, que fará uma ligação à videoconferência dos 27 para lhes confirmar, de viva voz, o interesse e o compromisso da sua Administração em “reconstruir” e “revitalizar” a relação transatlântica e “aprofundar” a cooperação entre os dois blocos para responder aos desafios do momento — a começar pelo combate à pandemia de covid-19.

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Os chefes de Estado e de governo da União Europeia vão ter um convidado especial a participar na reunião do Conselho Europeu: o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, que fará uma ligação à videoconferência dos 27 para lhes confirmar, de viva voz, o interesse e o compromisso da sua Administração em “reconstruir” e “revitalizar” a relação transatlântica e “aprofundar” a cooperação entre os dois blocos para responder aos desafios do momento — a começar pelo combate à pandemia de covid-19.

A Casa Branca respondeu positivamente ao convite lançado pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que “aproveitou” um precedente de Abril de 2009, quando Barack Obama participou nos trabalhos da cimeira europeia, para antecipar para esta quinta-feira o primeiro contacto oficial entre os líderes da UE e o Presidente norte-americano, que estava previsto para Junho. “Foi uma excelente ideia”, comentou uma fonte diplomática europeia, que destacou a importância do “sinal político” que Bruxelas e Washington dão com esta iniciativa.

Atendendo ao formato informal da reunião, será um contacto “breve”. O que está previsto é que Charles Michel estabeleça a conexão com a Casa Branca às 20h45 (hora de Bruxelas), e depois de uma breve introdução passe a palavra ao Presidente dos Estados Unidos. No fim da intervenção de Joe Biden, liga-se o microfone do primeiro-ministro, António Costa, que a partir de Lisboa, falará em nome dos 27 na sua qualidade de presidente do Conselho da UE. O protocolo não prevê que seja feita uma ronda à mesa e por limitações de tempo não é de esperar intervenções de outros líderes.

Biden não vai ouvir o debate dos 27 nem sobre as questões ligadas à pandemia que estão na agenda, nem sobre os assuntos de política externa que também constam na agenda do Conselho Europeu: um ponto de informação sobre a Rússia, na sequência do telefonema de Charles Michel com o Presidente russo, Vladimir Putin, desta segunda-feira; e ainda uma avaliação da situação no Mediterrâneo Oriental, ponto de situação sobre os esforços de Bruxelas e Ancara para a normalização da relação com a Turquia.

Rússia e Turquia são, a par da China, actores internacionais cujas acções estão a “preocupar” os aliados transatlânticos. Como assinalou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que recebeu esta quarta-feira o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que viajou até Bruxelas para participar na reunião ministerial da NATO, a UE e os EUA “partilham algumas preocupações” sobre as políticas de Moscovo ou Pequim, e devem “trabalhar juntos” para alcançar melhores resultados.

Mas, como lembrou Von der Leyen, a prioridade imediata, tanto para os europeus como para os norte-americanos, “é atacar a pandemia de coronavírus e lidar com as suas consequências nas pessoas e na economia”. Os líderes da UE não desperdiçarão a oportunidade de alertar Joe Biden para a necessidade de “fortalecer as cadeias globais de abastecimento de vacinas” — e de o sensibilizar para as dificuldades com que a Europa se confronta actualmente para desenvolver a sua campanha de vacinação.

O ex-Presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva, baseada numa lei de defesa nacional, para manter no país todas as doses de vacinas contra a covid-19 made in USA. Quando assumiu a presidência, Joe Biden não reverteu essa ordem que, na prática, bloqueia as exportações dos EUA e leva a que os vizinhos Canadá e México tenham de vir abastecer-se de vacinas à Europa. Se a produção norte-americana pudesse ser escoada para alguns desses mercados, a UE ficaria com uma margem maior das vacinas que produz.