Morreu Nawal el-Saadawi, nome histórico do feminismo egípcio

Escritora e destacada feminista Nawal el-Saadawi desapareceu aos 89 anos.

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A escritora Nawal el-Saadawi em 2001 Mona Sharaf/REUTERS

A feminista e escritora egípcia Nawal el-Saadawi, uma líder da luta pelos direitos das mulheres no mundo árabe, que foi detida várias vezes e viu as suas obras serem banidas, morreu aos 89 anos. Saadawi faleceu no Cairo no domingo e foi enterrada no mesmo dia num funeral só para familiares, revelou o seu agente.

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A feminista e escritora egípcia Nawal el-Saadawi, uma líder da luta pelos direitos das mulheres no mundo árabe, que foi detida várias vezes e viu as suas obras serem banidas, morreu aos 89 anos. Saadawi faleceu no Cairo no domingo e foi enterrada no mesmo dia num funeral só para familiares, revelou o seu agente.

Nascida a 27 de Outubro de 1931 e licenciada em Medicina pela Universidade do Cairo, a escritora descreve na sua autobiografia (A Daughter of Isis, na tradução em inglês) como cresceu numa cultura patriarcal onde as raparigas eram sujeitas a abusos, incluindo o casamento infantil e a mutilação genital feminina.

Depois de ter sido submetida ao corte genital, tornou-se uma activista contra aquele procedimento enquanto trabalhava como médica nas décadas de 50 e 60. Mais tarde, denunciou as autoridades religiosas islâmicas e o governo egípcio pela sua defesa de valores conservadores e escreveu dezenas de livros que abordavam tabus como a sexualidade e a prostituição.

“Depois de viajar por todo o mundo… Descobri que as raparigas são educadas de uma maneira muito parecida — estamos todas no mesmo barco. O sistema patriarcal, capitalista e religioso é universal”, disse Saadawi à Thomson Reuters Foundation em 2018.

Os seus pontos de vista trouxeram-lhe constantes problemas com as autoridades no Egipto. Saadawi foi despedida do Ministério da Saúde na década de 70 e presa em 1981 depois de ter criticado o Presidente Anwar Sadat, pouco antes do seu assassinato. Nos anos 90, passou um período no exílio depois de ameaças de morte de militantes islamitas.

Muitos dos seus livros, que incluem Women and Sex e The Hidden Face of Eve, foram traduzidos no estrangeiro. Mas no Egipto, onde era muitas vezes retratada como uma provocadora que defendia visões ocidentais, algumas das suas obras foram denunciadas e retiradas da circulação. Saadawi casou-se e divorciou-se três vezes, deixando dois filhos, a escritora Mona Helmy e o realizador Atef Hatata.