Primeiro dia de testes rápidos nas escolas “vem trazer mais tranquilidade”

Professores acreditam que testagem frequente ajuda a acalmar a ansiedade provocada pela pandemia, mas “só com a vacinação” se sentirão “mais seguros”. Instituto Nun’Alvres, em Santo Tirso, foi um dos primeiros colégios onde foi feita testagem, um dia depois do regresso ao ensino presencial no 1.º ciclo.

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Ana Rita Oliveira fala devagar e em voz baixa. “Coloque a máscara a tapar a boca”, pede à funcionária da secretaria do Instituto Nun’Álvres (INA) que se senta à sua frente, numa cadeira grená colocada junto à parede. “Respire fundo”, sugere a enfermeira, antes de lhe introduzir a zaragatoa em ambas narinas — “Dá-me licença?”. O colégio de Santo Tirso foi um dos primeiros a receber, nesta terça-feira, uma equipa da Cruz Vermelha Portuguesa para fazer testes rápidos de antigénio a professores e funcionários não docentes.

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Ana Rita Oliveira fala devagar e em voz baixa. “Coloque a máscara a tapar a boca”, pede à funcionária da secretaria do Instituto Nun’Álvres (INA) que se senta à sua frente, numa cadeira grená colocada junto à parede. “Respire fundo”, sugere a enfermeira, antes de lhe introduzir a zaragatoa em ambas narinas — “Dá-me licença?”. O colégio de Santo Tirso foi um dos primeiros a receber, nesta terça-feira, uma equipa da Cruz Vermelha Portuguesa para fazer testes rápidos de antigénio a professores e funcionários não docentes.

Nem toda a gente reage da mesma forma ao teste. Para alguns professores, o processo “não custa nada”. Já Joana Miranda ainda tem os olhos marejados. “Até me deu vómitos”, desabafa minutos depois. Não é a primeira vez que é testada para a covid-19, mas ainda que a zaragatoa usada no teste rápido de antigénio seja mais pequena do que a do PCR (sigla em inglês para “reacção em cadeia da polimerase”), os testes mais comuns para detectar a presença do SARS-CoV-2, que tinha feito há uns meses, a professora sentiu maior desconforto desta vez.

“Isto passa”, acrescenta confiante. Joana Miranda está satisfeita por ter realizado a prova de antigénio. Pensa nos alunos, que de manhã lhe tinham perguntado entusiasmados se era hoje que fazia o teste, mas também na sua família, ansiosa desde o início da pandemia. “Não quero levar nada daqui para casa, nem quero trazer nada de casa para aqui”, diz a professora do 3.º ano.

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Foi também essa a preocupação manifestada por Cecília Rodrigues, docente do 1.º ano, que realizou o teste minutos depois: “Isto é importante para a nossa segurança, mas também para a das crianças.” No 1.º ciclo, os alunos não são testados, ao contrário dos colegas do ensino secundário, que só regressam às escolas em meados do próximo mês. Os resultados vão permitir aos professores e às famílias “ficarem mais calmos”. “Com esta doença, nunca sabemos se estamos ou não infectados, porque podemos estar assintomáticos. Assim teremos uma melhor noção”, acrescenta.

No entanto, “só chegando a vacina nos vamos sentir mais seguros”, concordam as duas professoras do INA. O percalço com a vacina da AstraZeneca, que devia começar a ser ministrada aos profissionais de educação no fim-de-semana, vai adiar a questão por mais algum tempo. A testagem é, por agora, a única ferramenta disponível para adicionar segurança ao regresso ao ensino presencial.

A primeira bateria de testes rápidos, iniciada nesta terça-feira, vai trazer “mais tranquilidade e mais segurança” ao dia-a-dia, acredita Carlos Carvalho, director pedagógico do INA, que pertence ao histórico Colégio das Caldinhas. O 1.º período decorreu sem grandes sobressaltos. No 1.º ciclo houve apenas dois casos positivos entre os 110 alunos e apenas uma turma teve que entrar em isolamento profiláctico – “mesmo no último dia de aulas antes do Natal”. Entre os mais de 70 professores e educadores, de todos os níveis de ensino, houve três casos positivos.

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Os 69 testes de antigénio realizados – que cobriram os professores do 1.º ciclo do INA e todos os funcionários não docentes – foram negativos. A mesma equipa da Cruz Vermelha Portuguesa esteve de manhã no colégio Ribadouro, no Porto, e também não teve nenhum teste positivo.

A amostra recolhida pela zaragatoa é colocada numa “cassete” e, ao fim de 15 minutos, dá uma leitura do resultado: dois traços significam positivo, um traço é sinal de negativo. Desde que, em Dezembro, começou a fazer testes à covid-19, a enfermeira Ana Rita Oliveira já fez mais de 5000 recolhas. No pico da terceira vaga, em Janeiro, chegou a atender mais de 450 pessoas por dia. Por isso, o desafio de testar 62 professores e funcionários não docentes do INA durante uma tarde parece “tranquilo”.

A primeira a ser testada foi Márcia Quintas, funcionária da secretaria do colégio. Ainda está com uma cara de choque quando fala ao PÚBLICO. A zaragatoa “é como um mergulho no mar”. Ainda que trabalhe nos serviços administrativos, com contacto limitado com os alunos, desde o início da pandemia que vive com “algum receio, sobretudo por causa das pessoas mais idosas da família”. O resultado do teste vai contribuir para que fique “mais tranquila”. “Mas sei bem que que ainda não posso relaxar.”