Estudo revela desigualdades de género nos teatros europeus, do palco aos bastidores

Análise encomendada pela Convenção Europeia de Teatro abrangeu 22 países.

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Paulo Pimenta

Os homens continuam a ultrapassar as mulheres e a ocupar os mais prestigiados cargos no universo teatral, segundo um estudo sobre igualdade e diversidade de género nos teatros europeus divulgado esta segunda-feira pela Convenção Europeia de Teatro (ETC).

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Os homens continuam a ultrapassar as mulheres e a ocupar os mais prestigiados cargos no universo teatral, segundo um estudo sobre igualdade e diversidade de género nos teatros europeus divulgado esta segunda-feira pela Convenção Europeia de Teatro (ETC).

O estudo conclui que há quatro mulheres para cada seis homens creditados nas fichas técnicas e artísticas dos espectáculos, e que os homens dominam as categorias profissionais de dramaturgo, encenador e técnico, enquanto as mulheres ocupam mais de 70% dos cargos de “figurinista” e “cabeleireiro”.

Não obstante, o estudo, publicado no Dia Internacional da Mulher, também revela o impacto “notável” das mulheres encenadoras e dramaturgas na diversidade das equipas criativas. O documento enfatiza a necessidade de utilizar este tempo em que muitos teatros europeus permanecem fechados para reflectir sobre como construir um futuro mais inclusivo no teatro e na vida pública.

O estudo abrangeu 22 países europeus, incidindo sobre um universo de mais de quatro mil funcionários de teatros e de mais de 11.500 artistas em 650 espectáculos.

Verificou-se ainda que as mulheres têm situações contratuais menos seguras do que os homens, e estão “menos presentes no topo da hierarquia”.

Os resultados demonstram uma “significativa” ausência de pessoas de origens minoritárias (tendo sido analisadas categorias como orientação sexual, identidade de género, etnia e deficiência) entre o pessoal dos teatros membros da ETC.

O estudo demonstrou também que o género dos decisores tem um impacto significativo nas suas escolhas: “Autoras e encenadoras do sexo feminino demonstram uma clara tendência para a igualdade de género, em comparação com os seus colegas do sexo masculino, que estão em maioria e que tornam os homens mais visíveis.”

Segundo a análise, 43% das personagens em palco nas programações que foram consideradas eram mulheres, e 57% das personagens eram homens.

Este estudo, a primeira análise da diversidade entre os funcionários e em palcos de teatros de toda a Europa, foi realizado para a ETC por investigadores da Universidade Católica de Lovaina (UCLovaina), na Bélgica.

As conclusões resultam de um auto-exame voluntário feito pelos teatros membros da ETC, numa tentativa de descobrir e impulsionar a mudança sobre as desigualdades de género e a falta de diversidade que prevalecem em todos os sectores do entretenimento