António Costa: “A actual crise demonstra que a Europa teve a capacidade de aprender com a crise anterior”

Em entrevista ao PÚBLICO, o primeiro-ministro fala sobre o papel da Europa no novo contexto geopolítico e afirma que “o que nos interessa é que mundo que se está a construir não regresse a uma nova bipolaridade, agora entre os EUA e a China”.

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A crise provou que a Europa é fundamental para os seus países-membros e para países como o nosso fundamentalíssima. O Presidente Macron chegou a dizer que esta crise era uma prova de vida para a integração Europeia. Aparentemente, passou esta prova de vida. Mas, apesar de tudo, há sinais preocupantes — as guerras de vacinas, a incapacidade de harmonizar as fronteiras internas, por exemplo. Como vê estes desafios?
A Europa é permanentemente um desafio. Nós não nascemos a partir de uma federação, nascemos a partir da ideia do Estado-nação. A construção de uma união a partir de Estados-nação é única no mundo — não há paralelo. A verdade é que a Europa, nas diferentes provas de vida a que foi sujeita nos últimos anos, resistiu. Quando foi do “Brexit”, muita gente receou que fosse o primeiro passo de um movimento de desagregação. Não foi. Já antes, muita gente acreditou que a crise financeira iria destruir o euro. Não só não o destruiu como, pelo contrário, a actual crise demonstra que a Europa teve a capacidade de aprender com a crise anterior, que teve agora uma resposta diferente e que está já a pensar como é que, passada esta crise, olha de uma forma diferente para a regras orçamentais.  

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A crise provou que a Europa é fundamental para os seus países-membros e para países como o nosso fundamentalíssima. O Presidente Macron chegou a dizer que esta crise era uma prova de vida para a integração Europeia. Aparentemente, passou esta prova de vida. Mas, apesar de tudo, há sinais preocupantes — as guerras de vacinas, a incapacidade de harmonizar as fronteiras internas, por exemplo. Como vê estes desafios?
A Europa é permanentemente um desafio. Nós não nascemos a partir de uma federação, nascemos a partir da ideia do Estado-nação. A construção de uma união a partir de Estados-nação é única no mundo — não há paralelo. A verdade é que a Europa, nas diferentes provas de vida a que foi sujeita nos últimos anos, resistiu. Quando foi do “Brexit”, muita gente receou que fosse o primeiro passo de um movimento de desagregação. Não foi. Já antes, muita gente acreditou que a crise financeira iria destruir o euro. Não só não o destruiu como, pelo contrário, a actual crise demonstra que a Europa teve a capacidade de aprender com a crise anterior, que teve agora uma resposta diferente e que está já a pensar como é que, passada esta crise, olha de uma forma diferente para a regras orçamentais.