Gastos militares globais batem novo recorde em 2020

Quase dois terços desse aumento podem ser atribuídos aos Estados Unidos, que continuam a levar a parte de leão, com 40,3% dos gastos totais, bem como à China, com 10,6%.

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Os gastos militares globais, em parte devido ao investimento na Marinha chinesa, atingiram um novo recorde em 2020, apesar da crise económica derivada da pandemia de covid-19, concluiu um relatório Instituto Internacional de Estudos Estratégicos divulgado nesta quinta-feira.

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Os gastos militares globais, em parte devido ao investimento na Marinha chinesa, atingiram um novo recorde em 2020, apesar da crise económica derivada da pandemia de covid-19, concluiu um relatório Instituto Internacional de Estudos Estratégicos divulgado nesta quinta-feira.

Os gastos em defesa chegaram aos 1.500 mil milhões de euros no ano passado, um aumento em termos reais de 3,9% em relação a 2019, “apesar da pandemia e da consequente contracção da economia mundial”, pode ler-se no relatório.

Quase dois terços desse aumento podem ser atribuídos aos Estados Unidos, que continuam a levar a parte de leão, com 40,3% dos gastos totais, bem como à China, com 10,6%.

A China continua a ser o motor do crescimento dos orçamentos militares na Ásia (25% do total), onde a tendência geral tem-se mantido ascendente, embora a um ritmo um pouco mais lento (mais 4,3% contra mais 4,6% em 2019).

“Vários países ajustaram os seus orçamentos militares para redireccionar fundos para ajuda de crise ou medidas de apoio à economia. No entanto, vários outros simplesmente reduziram ou adiaram o aumento nos gastos planeados, em vez de os cortar”, explica o relatório.

O documento também destaca o crescimento das capacidades militares chinesas, especialmente na Marinha, que está a aumentar consideravelmente a sua frota, fortalecendo as reivindicações territoriais de Pequim no mar do Sul da China.

Também na Europa, os gastos com defesa estão a aumentar (mais 2%), em particular para fazer face à Rússia, considerada uma ameaça crescente desde a anexação da Crimeia, em 2014.

Contudo, o relatório revela que muitos membros da NATO ainda estão longe do objectivo de dedicar 2% do produto interno bruto nacional para este sector, contrariando o que está estipulado no regulamento da Aliança Atlântica.

“O compromisso de actores-chave (como a França, Reino Unido, Alemanha e Itália) em aumentar os seus orçamentos de defesa em 2021 e nos anos seguintes, assinala a sua intenção de evitar os cortes que se seguiram à crise financeira de 2007-2008”, esclarece o relatório.

Em 2019, os gastos militares já tinham registado o maior aumento numa década, crescendo 4%, no meio de crescentes rivalidades entre grandes potências e com a corrida a novas tecnologias militares.