EUA acusam três hackers norte-coreanos de tentar roubar 1,3 mil milhões de dólares

Departamento de Estado fala num esquema para fazer roubos avultados. A criptomoeda é o principal alvo destes piratas informáticos que em 2014 atacaram a Sony Picture por causa do filme The Interview, uma comédia sobre um esquema para matar Kim Jong-un.

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O trio de piratas informáticos pertencem aos serviços secretos militares da Coreia do Norte, segundo os EUA KCNA/Reuters

As autoridades dos Estados Unidos acusaram, na quarta-feira, três programadores informáticos norte-coreanos, dos serviços secretos militares, de terem tentado roubar valores superiores a 1,3 mil milhões de dólares em dinheiro e criptomoeda. Além destas tentativas, os três piratas informáticos são também incriminados por crimes que de facto foram bem-sucedidos no passado.

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As autoridades dos Estados Unidos acusaram, na quarta-feira, três programadores informáticos norte-coreanos, dos serviços secretos militares, de terem tentado roubar valores superiores a 1,3 mil milhões de dólares em dinheiro e criptomoeda. Além destas tentativas, os três piratas informáticos são também incriminados por crimes que de facto foram bem-sucedidos no passado.

As novas acusações do Departamento dizem que os piratas informáticos criaram programas para criar criptomoeda mas “maliciosos”, que lhes permitiram invadir computadores de vítimas, desde bancos a produtoras de cinema sediados por todo o mundo. Os crimes incidiram sobretudo nas criptomoedas, como os bitcoins, mas também na moeda tradicional. 

“As pessoas hoje acusadas cometeram vários crimes financeiros e cibercrimes sem precedentes: desde ataques de Ramsomware e campanhas de phishing, a assaltos a bancos digitais e operações sofisticadas de lavagem de dinheiro”, afirmou Michael D'Ambrosio, director-adjunto dos serviços secretos dos EUA, num comunicado do Departamento da Justiça.

Entre os cibercrimes cometidos pelo trio incluem-se o ataque à Sony Pictures em 2014, onde se produzia um filme sobre o líder norte-coreano Kim Jong-un - The Interview, sobre dois jornalistas americanos contratados pela CIA para matar Kim -, assim como outro contra a produtora inglesa Mammoth Screen, também numa altura em que se desenrolava uma série que aludia ao país.

O valor exacto roubado pelos hackers não é claro, porque, em alguns casos, os roubos foram interrompidos ou revertidos, como revela a Reuters. No entanto, o montante é elevado, uma vez que só num ataque a um banco no Bangladesh, em 2018, foram roubados 81 milhões de dólares.

Segundo o director-adjunto do FBI, os EUA acreditam que os três piratas informáticos estejam na Coreia do Norte, mas é sabido que já passaram por outros países como a China ou a Rússia, sendo que um deles já tinha sido acusado em 2018. 

“Os programadores da Coreia do Norte, utilizando teclados em vez de armas, roubando carteiras digitais de criptomoeda em vez de sacos de dinheiro, são os principais saltimbancos do século XXI”, disse John Demers, procurador da Divisão de Segurança Interna do Departamento de Justiça dos EUA, num comunicado de imprensa.

A existência desta “ameaça de espionagem cibernética” prenuncia um maior combate ao cibercrime, disse Jim Langevin, presidente da subcomissão de sistemas informáticos e tecnologias da Comissão das Forças Armadas da Câmara de Representantes, citado pelo Washington Post. Langevin diz estar pronto para “trabalhar com a Administração Biden no sentido de aumentar a pressão sobre Kim Jong-un e os seus aliados na China e na Rússia de forma a parar estas campanhas”.

Além dos três norte-coreanos, um cidadão canadiano foi igualmente acusado por ter participado em operações de lavagem de dinheiro em conjunto com os três hackers.