Leal Coelho questiona apoio da câmara e insiste em saber impacto económico da ModaLisboa

Vereadora não aprovou financiamento à próxima edição e contesta os 2,7 milhões atribuídos em quatro anos. Associação replica que o retorno foi de 146,3 milhões.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

A Câmara de Lisboa aprovou na quinta-feira um apoio de 350 mil euros à realização da próxima edição da ModaLisboa, que vai decorrer em Março. A vereadora Teresa Leal Coelho, do PSD, votou contra e acusou a autarquia de gerir mal o dinheiro público por não exigir um estudo de impacto económico do evento.

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A Câmara de Lisboa aprovou na quinta-feira um apoio de 350 mil euros à realização da próxima edição da ModaLisboa, que vai decorrer em Março. A vereadora Teresa Leal Coelho, do PSD, votou contra e acusou a autarquia de gerir mal o dinheiro público por não exigir um estudo de impacto económico do evento.

“Claro que concordo com a realização da ModaLisboa, é um evento importante para a cidade, mas ele depende de um avultado financiamento da câmara”, declarou a eleita. “Acrescido a este apoio financeiro há apoios não financeiros. É preciso ser rigoroso, sobretudo num momento de crise gravíssima como o que estamos a atravessar”, disse Leal Coelho.

A associação ModaLisboa e a autarquia têm um protocolo em vigor desde 2016 que estabelece que a câmara é co-organizadora das duas semanas de moda que se realizam em Lisboa todos os anos, em Março e Outubro. O montante a atribuir pelo município é sempre levado a votos antes do evento e varia consoante as edições.

Este ano, por força da pandemia, a primeira semana da moda será exclusivamente digital. “E a câmara vai financiar com o mesmo montante, como se fosse com público. Como é que isto é possível, ainda para mais tendo em conta que as equipas têm de ser extraordinariamente reduzidas?”, questionou Teresa Leal Coelho.

“Desengane-se quem acha que uma edição digital é mais barata do que uma edição física”, contrapõe Manuela Oliveira, relações públicas da ModaLisboa. “Vamos ter de ser muito mais criativos, muito mais inovadores, isto exige muito mais recursos”, afirma. Este ano, tal como na edição anterior que já decorreu num formato diferente do habitual, poupa-se em bancadas mas, exemplifica, “a captação de imagens ficará muito mais cara”.

Durante este mandato autárquico – quatro anos, oito edições –, a ModaLisboa recebeu 2,7 milhões de euros dos cofres municipais. Mas o retorno foi de 146,3 milhões, afirma Manuela Oliveira. “Trazemos muito retorno à cidade e ao país.”

No Verão passado, a câmara aprovou uma proposta de Leal Coelho para que fosse feito um estudo de impacto económico da ModaLisboa que “até hoje não foi feito”, queixa-se a vereadora. A associação apresenta um relatório e contas no fim de cada edição, mas a social-democrata quer que se vá mais longe, contestando o estudo de impacto mediático que actualmente existe. “Isto não é uma boa forma de gerir o dinheiro público. Os recursos financeiros são escassos e a câmara está a financiar de forma muito acentuada a ModaLisboa.”

Manuela Oliveira diz que a ModaLisboa não é um espaço de vendas, mas antes uma montra para o trabalho dos profissionais da moda e que, por isso, o seu sucesso depende do impacto mediático alcançado. “Os objectivos a que nos propomos, atingimos”, garante.

De acordo com um estudo feito em Maio do ano passado e disponível no site da ModaLisboa, a edição de Outubro de 2019 teve um retorno mediático de 7,7 milhões de euros na imprensa nacional, calculado através do advertising value equivalent (AVE), uma ferramenta de medição de impacto. “Temos estado sempre disponíveis para responder a qualquer questão e para apresentar dados”, diz Manuela Oliveira.

Teresa Leal Coelho, por seu turno, diz ter agora a garantia do executivo de Fernando Medina de que o estudo de impacto económico será feito antes da próxima edição.