Ventura acusa PSD e CDS de “bullying político” por excluírem Chega das autárquicas

Líder do Chega diz ser “incompreensível” que seja a direita a fazer um “cordão sanitário a um partido legalizado e que está no Parlamento” e a fazer “um enorme favor a António Costa e à esquerda”. No início da semana vai reunir-se com a estrutura açoriana para definir o caminho do apoio ao Governo do PSD e CDS nos Açores.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

O apoio do Chega ao Governo liderado pelo PSD nos Açores pode estar em perigo: André Ventura ameaça retirar o apoio parlamentar na região autónoma ao executivo de direita depois de ter sido alvo, nas suas palavras, de “bullying político” por parte do PSD e do CDS, que o excluíram explicitamente de um acordo para as autárquicas.

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O apoio do Chega ao Governo liderado pelo PSD nos Açores pode estar em perigo: André Ventura ameaça retirar o apoio parlamentar na região autónoma ao executivo de direita depois de ter sido alvo, nas suas palavras, de “bullying político” por parte do PSD e do CDS, que o excluíram explicitamente de um acordo para as autárquicas.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, André Ventura lamentou que o PSD e o CDS tenham firmado um acordo para uma plataforma eleitoral autárquica com o anúncio de que “o único ponto importante nesse acordo era dizer que o Chega não estava presente”. O líder do partido considera esta atitude “incompreensível”. Porque, argumenta, são os partidos de direita “a fazer uma espécie de cordão sanitário a um partido legalizado, que está no Parlamento e que apoiou um candidato que teve meio milhão de votos no domingo” e porque fazem “um enorme favor a António Costa e à esquerda”.

André Ventura decidiu responder com as armas que tem à mão – os Açores -, alegando que não pode haver a nível nacional um outro “raciocínio”. “Vou reunir de urgência com os deputados do Chega nos Açores e serão tomadas medidas que serão anunciadas na próxima semana. Mas queria deixar muito, muito claro que esta acção de bullying político feito pelo CDS e PSD não passará, não vingará, e nós não hesitaremos em tomar as medidas que forem necessárias para isso.”

O deputado não quis adiantar se tenciona quebrar o compromisso de apoio ao executivo açoriano, que permitiu ao PSD subir ao poder depois das legislativas regionais e Outubro, mas lembra que são os sociais-democratas a enveredarem por um caminho de “más relações” e “exclusão” e não de “agregação e união”. “Nos Açores tudo pode acontecer. O que nós não toleramos é duas caras e dois discursos. Um discurso que funcione a determinado nível local ou regional e outro que funcione a nível nacional. Se é para hostilizar e para haver cordão sanitário, então vamos com o cordão sanitário até ao fim, e vamos retirar daí as devidas consequências”, afirmou Ventura.

O deputado recusou culpas no afastamento do PSD e CDS por causa da atitude que teve na noite eleitoral ao fazer o aviso ao partido de Rui Rio de que não haverá, num futuro próximo, um Governo à direita sem o Chega – “todas as sondagens o dizem”, justificou. “Não quero pôr cenários antecipados”, afirmou Ventura, mas insistiu: “Nós não aceitamos um processo de bullying político nem aceitamos diabolização. Se é para ter cordão então vamos ter cordão até ao fim e o Chega assumirá aqui no Parlamento que está sozinho, que opera sozinho e no dia das eleições veremos se o cordão funcionou para um lado ou se até não quebrou e a direita está completamente reconfigurada.”

Recusando “ziguezagues”, avisou: “Ou há respeito por um partido que é o Chega ou não há; ou há respeito por meio milhão de votos ou não há; ou há respeito por esta formação ou nós continuaremos o nosso caminho sozinhos e tiraremos daí todas as consequências a nível regional, a nível nacional e nas autárquicas, em Outubro, a nível local. Depois não se venham queixar que a direita não consegue fazer maiorias em lado nenhum (…). Se todos falam da ingovernabilidade à direita, ela tem um nome e chama-se Rui Rio.”