Sítios arqueológicos em Évora destruídos para plantar amendoal intensivo

A Direcção Regional de Cultura do Alentejo apresentou no Departamento de Investigação e Acção Penal de Évora “mais uma queixa-crime por afectação de património arqueológico na região”.

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O Alentejo é rico em património megalítico Rui Gaudencio

Apesar dos alertas lançados pela Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlentejo) ao promotor de um projecto de plantação de amendoal em regime intensivo, a instalar no Monte da Negaça, na freguesia de Torre de Coelheiros, arredores de Évora, foram destruídos os sítios arqueológicos de Vale Diogo do Campo e da Serra de Espinheira 4, ambos associados ao povoamento rural do período romano.

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Apesar dos alertas lançados pela Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlentejo) ao promotor de um projecto de plantação de amendoal em regime intensivo, a instalar no Monte da Negaça, na freguesia de Torre de Coelheiros, arredores de Évora, foram destruídos os sítios arqueológicos de Vale Diogo do Campo e da Serra de Espinheira 4, ambos associados ao povoamento rural do período romano.

Durante a observação que realizaram no local, técnicos da direcção regional confirmaram terem sido efectuados “trabalhos agrícolas, ripagens profundas e valas para condutas de rega”, prévios à plantação da cultura permanente que arrasaram os testemunhos arqueológicos ali identificados.

A DRCAlentejo refere que já tinha ordenado em Maio de 2020 “a realização prévia das prospecções com vista a aferir as áreas arqueológicas a condicionar no âmbito da plantação.”

No entanto, os trabalhos de prospecção, realizados pelo arqueólogo contratado pelo promotor da plantação, “vieram indevidamente a ter lugar já após realizadas as movimentações de terras e instalação do sistema de rega”, lamenta a Direcção Regional, decisão que colocou este organismo perante um facto consumado.

Assim, por não terem sido cumpridos pelo proprietário da herdade do Monte da Negaça as orientações comunicadas “para a salvaguarda do património em questão”, e verificando-se a sua “destruição”, a DRCAlentejo apresentou no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Évora “mais uma queixa-crime por afectação de património arqueológico na região”.