Acordo pós-“Brexit”: pescadores franceses enfrentam o desconhecido

Presidente da Câmara de Boulogne-sur-Mer diz que a única certeza deixada pelo acordo da União Europeia com o Reino Unido é que vão ser precisos mais acordos no futuro.

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Barcos de pesca franceses PASCAL ROSSIGNOL/Reuters

O presidente da Câmara de um dos maiores portos pesqueiros do Norte de França alertou esta sexta-feira para as muitas dúvidas deixadas pelo acordo, anunciado na quinta-feira, entre a União Europeia e o Reino Unido e que define a relação comercial entre os dois blocos a partir de 1 de Janeiro e do fim da transição depois da saída britânica da união.

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O presidente da Câmara de um dos maiores portos pesqueiros do Norte de França alertou esta sexta-feira para as muitas dúvidas deixadas pelo acordo, anunciado na quinta-feira, entre a União Europeia e o Reino Unido e que define a relação comercial entre os dois blocos a partir de 1 de Janeiro e do fim da transição depois da saída britânica da união.

“Alívio dos nossos pescadores, mas qual será o impacto nas quotas de peixe? Por exemplo, quem irá controlar? E durante quanto tempo?”, foram algumas das questões levantadas esta sexta-feira por Frédéric Cuvillier, presidente da Câmara de Boulougne-sur-Mer, aos microfones da Europe 1 radio.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse ao apresentar o acordo na quinta-feira, que o Reino Unido havia conseguido um acordo sobre pescas “razoável” com a UE para um período de cinco anos e meio de transição. Mais longo que os três anos que Londres queria, mas muito menos que os 14 anos que Bruxelas havia apontado no princípio.

No entanto, para Cuvillier, “a única certeza que temos hoje é que temos de conseguir, durante o período de transição, mais acordos dentro do acordo”.

As preocupações do político de Boulogne-sur-Mer foram secundadas pelo presidente conselho regional da Bretanha, o socialista Loïg Chesnais-Girard e pelo presidente da região da Normandia, Hervé Morin.

Em comunicado conjunto, Chesnais-Girard e Morin manifestam-se contentes pelo acordo que impede uma saída sem acordo do Reino Unido da UE, mas solicitam uma reunião com o primeiro-ministro francês, Jean Castex, para analisar ao pormenor os pontos do acordo.

Os pescadores franceses pressionaram o Presidente Emmanuel Macron para não ceder um milímetro na questão dos direitos de pesca, mas apesar de uma ameaça inicial de vetar o acordo UE-Reino Unido se não se mantivesse os termos existentes até agora, o Governo francês desistiu, entretanto, da ameaça.

A ministra do Mar francesa, Annick Girardin, anunciou em comunicado que o Governo vai estabelecer medidas financeiras para ajudar os pescadores afectados pelo acordo.

O acordo também não agradou aos pescadores do outro lado do Canal da Mancha. A indústria pesqueira britânica mostrou o seu desapontamento pelo facto de o Governo de Boris Johnson não ter limitado mais o acesso dos barcos da UE a águas territoriais britânicas.