Sumol Compal avança para despedimento colectivo de 80 trabalhadores

Grupo fabricante de bebidas justifica redução do número de trabalhadores com “quebras acentuadas das vendas” devido à crise pandémica, nomeadamente através dos seus clientes da restauração e hotelaria

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dro daniel rocha

O grupo de sumos e néctares nascido da união entre a Sumol e a Compal vai proceder ao despedimento colectivo de 80 dos 1500 trabalhadores que emprega em Portugal, confirmou o PÚBLICO junto de fonte oficial da empresa.

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O grupo de sumos e néctares nascido da união entre a Sumol e a Compal vai proceder ao despedimento colectivo de 80 dos 1500 trabalhadores que emprega em Portugal, confirmou o PÚBLICO junto de fonte oficial da empresa.

Em comunicado enviado esta quinta-feira à tarde às redacções por email, a administração da Sumol Compal afirma que se vê “obrigada a proceder a um processo de reajustamento da sua estrutura” e que “afectará 5,5% dos nossos colaboradores em diferentes áreas da organização”, sem nunca mencionar o número de pessoas envolvidas.

Acrescenta contudo que “a figura jurídica escolhida para este processo é a de despedimento colectivo, por se considerar que é aquela que maximiza a protecção social aos colaboradores abrangidos por este processo, nomeadamente no acesso ao subsídio de desemprego”. E que “adicionalmente, a empresa vai proporcionar condições acima do quadro legal”.

Contactada fonte oficial da empresa, foi adiantado que “o despedimento vai abranger cerca de 80 trabalhadores em Portugal”, que actualmente conta com um quadro de 1500 pessoas. O grupo tem quatro unidades industriais em território nacional, uma fábrica em Moçambique e outra em Angola.

Na comunicação emitida esta quinta-feira às redacções, o grupo explica que o que classifica de “um processo de reajustamento da sua estrutura” é consequência de “quebras acentuadas nas suas vendas quando comparadas com igual período do ano anterior, com particular destaque para o canal Horeca que apresenta quebras bem mais acentuadas”. Uma fabricante de bebidas como a Sumol Compal realiza as suas vendas através de dois canais: via distribuição alimentar (hiper e supermercados, comércio de proximidade e grossistas), ou via o chamado canal Horeca - hotéis, restaurantes e cafés, este fortemente afectado pelo encerramento por causa da crise pandémica.

“A pandemia da covid-19 tem afectado a economia nacional e a actividade das famílias e das empresas de forma muito significativa”, contextualiza a gestão da Sumol Compal. E face à sua perda de vendas, “ao prolongamento de medidas restritivas que afectam negativamente” o seu negócio “e ao nível de actividade económica previsto para o futuro”, a companhia decidiu iniciar o processo de reestruturação e de despedimento colectivo, que, diz, “se afigura fundamental para assegurar a sustentabilidade económico-financeira da empresa”.

Reconhecendo “o impacto social negativo destas medidas” mas defendendo-as como “absolutamente essenciais para enfrentar o momento de enorme exigência” que a companhia vive, a administração da Sumol Compal afirma ainda pretender “que este processo seja realizado com transparência, dignidade e respeito por todas as pessoas envolvidas, salvaguardando a defesa dos interesses de todas as partes”.