IP justifica abate de centenas de pinheiros no IC 2 com regras contra incêndios

Cidadãos lamentam corte de árvores centenárias, de grande porte e saudáveis.

Foto
lm miguel manso

Centenas de pinheiros mansos que ladeavam o troço do IC 2 (antiga Estrada Nacional 1) compreendido entre Ota e a zona de Alcoentre têm vindo a ser abatidos, nos últimos três meses, no âmbito de uma operação desenvolvida pela Infra-estruturas de Portugal (IP). Utentes daquela via principal lamentam o “crime ambiental” que está a ser cometido. A IP justifica, em resposta ao PÚBLICO, que está a cumprir a nova legislação de defesa da floresta contra incêndio.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Centenas de pinheiros mansos que ladeavam o troço do IC 2 (antiga Estrada Nacional 1) compreendido entre Ota e a zona de Alcoentre têm vindo a ser abatidos, nos últimos três meses, no âmbito de uma operação desenvolvida pela Infra-estruturas de Portugal (IP). Utentes daquela via principal lamentam o “crime ambiental” que está a ser cometido. A IP justifica, em resposta ao PÚBLICO, que está a cumprir a nova legislação de defesa da floresta contra incêndio.

O caso tem suscitado alguma perplexidade nos que circulam diariamente por uma das vias mais movimentadas do País. Este troço que atravessa a parte norte do concelho de Alenquer e a zona oeste do concelho de Azambuja é caracterizado por uma extensa e densa mancha florestal, onde predominam o pinheiro manso e o eucalipto.

Renato Luz é um dos que não esconde a sua preocupação e o seu desagrado pelo que está a ocorrer nesta área, considerando um “crime ambiental” o que está a acontecer no IC2, entre a Ota e Alcoentre, “com o corte total e indiscriminado de centenas de árvores - pinheiros mansos, de grande porte, centenários e em perfeito estado sanitário”.
Esta situação, recorda, está a ocorrer desde o início do Verão, por iniciativa da Infra-estruturas de Portugal (IP), “de forma escandalosa e totalmente impune” e muitas das árvores cortadas são “deixadas caídas na berma da estrada”.

“Este troço do IC2 estende-se por 20 quilómetros e era conhecido pela sua beleza paisagística devido a estas árvores centenárias, que também desempenham um importante papel económico, enquanto produtoras de pinhas e pinhões, e produtoras de pólen para a polinização de pinheiros mansos mais jovens”, sublinha Renato Luz, vincando que este troço do IC 2 também “está ladeado por plantações de eucaliptos, concessionados às empresas de celulose e pasta de papel, verificando-se já o avanço das acácias e dos rebentos dos eucaliptos para a berma da estrada, fazendo com que, em breve, a visibilidade para os condutores seja diminuída, acrescendo o risco de acidentes”.

Prevendo que a manutenção das bermas deste troço, com o necessário corte dos rebentos dos eucaliptos e acácias, será, no futuro, “bem mais dispendiosa, do que seria a manutenção dos pinheiros mansos”, Renato Luz lamenta que, “enquanto a IP comete este atentado ambiental”, um pouco mais acima, no troço do IC 2 entre a Asseiceira e a Benedita, a estrada “está em colapso, com buracos e lajes de cimento partidas, pondo diariamente em risco quem nela circula”.

Já a Infra-estruturas de Portugal, em resposta ao PÚBLICO, sustenta que “os trabalhos estão a ser executados no cumprimento da legislação vigente em matéria da defesa da floresta contra incêndios”, que prevê “a gestão das faixas de combustível numa largura de 10 metros” junto às bermas das estradas nacionais e “afastamentos de copas de pinheiros e eucaliptos de 10 metros entre si”.

Esta intervenção, acrescenta a IP, “tem, também, como objectivo o reforço da segurança rodoviária, eliminando obstáculos da proximidade da faixa de rodagem e mitigando o risco de queda de ramos ou árvores sobre a faixa de rodagem e viaturas que circulem na via, nas situações cada vez mais frequentes com fenómenos atmosféricos extremos”.