Em Outubro há drag queens na capa da Vogue Brasil

A escolha é um ponto de viragem num país onde a discriminação e a violência contra pessoas homossexuais e transgénero continua muito presente.

Foto
Paulo Pimenta

A cantora Pablo Vittar e a rapper Gloria Groove, duas das drag queens brasileiras mais conhecidas, serão o destaque de duas capas distintas da Vogue Brasil intituladas “Eleganza Extravaganza”. A revista chega às bancas a partir de 9 de Outubro.

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A cantora Pablo Vittar e a rapper Gloria Groove, duas das drag queens brasileiras mais conhecidas, serão o destaque de duas capas distintas da Vogue Brasil intituladas “Eleganza Extravaganza”. A revista chega às bancas a partir de 9 de Outubro.

“Eu quero, eu posso, eu consigo. Sempre soube que ia chegar onde estou”, declarou Vittar em entrevista à revista. “Não é errado amares-te, cuidares de ti. As pessoas têm de aprender a respeitar-te como és.” Em 2018, Pablo Vittar tornou-se na primeira drag queen a ser nomeada para os Grammys latinos com a música Sua Cara.

A rapper Glória Groover, autora de canções como Coisa Boa e Gloriosa, referiu na entrevista que pesquisou as capas mais icónicas da Vogue, apercebendo-se de que tinha chegado a sua vez. “Estou a viver um sonho e fico emocionada com o convite, porque estar aqui faz das drag queens ícones de moda.”

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Foram mais de 45 perucas, 40 pares de luvas, 5 araras lotadas de roupas, 20 presilhas, 44 ci´lios e inconta´veis unhas postic¸as extralongas no set para orquestrar as capas da #VogueOutubro, que te^m como segunda cover queen, a multiartista @gloriagroove. "Vim no carro pesquisando as fotos mais ico^nicas da revista e absorvendo o fato de que agora chegou a minha vez. Estou vivendo um sonho e sigo emocionada com o convite porque posiciona drag queens como i´cones de moda", contou ela, entre um retoque e outro na maquiagem autoral. "Fico muito feliz que a gente esteja ocupando espac¸os como esse, me sinto em casa. Acho que nasci para isso". Em novembro, Gloria estreia como apresentadora do reality show brasileiro “Nasce uma Rainha”, na Netflix. Saiba mais no link da bio e confira o resultado final no app Globo+ e nas bancas a` partir do dia 9. (Foto: @hickduarte; Edic¸a~o de moda: @pedrosales_1; Direc¸a~o de beleza e cabelo: @henriquem85; Nail Artist: @robertamunis; Direc¸a~o Executiva: @david_jensen e @pativeneziano, da @wborn_productions. Tratamento de imagem: @bragatel; Set design @anaarietti) #VogueOutubro #GloriaGrooveNaVogue

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Nos últimos anos, a comunidade LGBT tem vencido algumas lutas pelos seus direitos no Brasil: em 2018, a aprovação de uma lei passou a permitir a alteração do nome e do género nos documentos de identificação de pessoas transgénero sem ser necessária cirurgia de mudança de sexo; e em 2019, o Supremo Tribunal Federal criminalizou a homofobia e a transfobia.

Contudo, em termos políticos e sociais, as pessoas que se identifiquem com as letras da sigla LGBT enfrentam ainda muitos estigmas, começando pelo próprio presidente do Brasil. Jair Bolsonaro tem condenado publicamente a “ideologia de género” — termo que rejeita os ideais relacionados com a sexualidade e a identidade de género.

Vittar tem sido uma forte defensora dos direitos LGBT e crítica das palavras e políticas de Bolsonaro. O destaque agora dado às drag queens pela Vogue Brasil foi bem recebido pela comunidade, assim como pela oposição política ao presidente.

“Que orgulho! Que continuemos a ocupar cada vez mais lugares”, escreveu David Miranda, um congressista brasileiro homossexual, no seu Instagram. “Viva a tudo o que nós somos e representamos!”

Esta não é a primeira vez que uma drag queen é capa da Vogue Brasil. Uyra Sodoma foi uma de quatro activistas incluídas na edição deste mês de Setembro.

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Emerson Munduruku é biólogo, mestre em Ecologia, educador, artista visual e um dos “Guardiões da Floresta” que ilustram nossas quatro capas de setembro. Sua conexão com a Floresta Amazônica é atávica: ele nasceu em Santarém, no Pará, à beira do rio Tapajós. Seu ativismo em prol dos povos que lá habitam ganha corpo nas performances artísticas de @uyrasodoma, entidade criada por ele que se autodenomina “A Árvore Que Anda”. Além de enaltecer a cultura indígena, Emerson também lança luz sobre as comunidades pretas e LGBTQIA+. “Seguiremos insistindo em viver”, diz o artista, fotografado, como todos os outros, no Parque Nacional de Anavilhanas, em Novo Airão, no começo de agosto. Todas as 26 Vogues do mundo tem a esperança como tema central da edição de setembro. Para nós, ela está na preservação das florestas e de quem vive nelas. (Foto: @hickduarte; Edição de moda: @pedrosales_1; Beleza: @silviogiorgio; Direção executiva: @david_jensen / @wborn_productions) #VogueForHope #VogueHope #VogueSetembro

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